LITERATURA EM (DE)COMPOSIÇÃO: PINTURAS VERBAIS EM FLORES, DE MARIO BELLATIN
Aluno de Iniciação Científica: Ágata Fortunato Bressan (IC-Voluntária)
Curso: Letras - Espanhol ou Português com Espanhol
Orientador: Isabel Cristina Jasinski
Departamento: Letras Estrangeiras Modernas
Setor: Ciências Humanas, Letras e Artes
Palavras-chave: Mario Bellatin , Flores , Estudos Interartes
Área de Conhecimento: 80205003 - TEORIA LITERARIA
O escritor mexicano Mario Bellatin vem, ao longo de sua trajetória literária, conquistando um número cada vez maior de público e crítica. No entanto, as opiniões sobre sua obra ainda são bastante divergentes. Isso se deve a postura questionadora assumida pelo autor com relação ao que canonicamente é entendido como literatura e qual seria o seu papel no contexto atual da sociedade. Dessa forma, tendo em vista a importância dos estudos interartes para pensar o limite da definição do fazer literário, este trabalho centra sua atenção no diálogo entre literatura e pintura presente no livro Flores (2000), ou, mais particularmente, na relação entre imagem e palavra. Para isso é interessante pensar que, desde a antiguidade, a associação entre poesia e pintura tem sido um tema de bastante importância para os estudos literários. Entretanto, a relação regularmente estabelecida nos estudos entre estes dois modos de expressão artística, no que se refere a suas posições diante da definição de arte, acaba por distanciá-los à medida que somente enfatiza características que os diferencie e não aquelas que os aproxima, ou seja, são já vistos como modos que não possuem uma aproximação prévia. Assim, ao utilizar a palavra como impulsionadora do visual no texto narrativo, o autor tira a escrita do seu lugar comum, do seu uso convencional, e faz com que a literatura, ao se apropriar de recursos característicos de outras artes, busque na pintura uma outra forma de narrar. Com isso, o limite do fazer literário e seu status de arte são colocados em jogo e a composição verbal, naquilo que podemos chamar de padrão, passa por um processo de decomposição, onde a palavra precisa ser vista e lida a partir de um outro modo, no qual seja privilegiada a abertura a questionamentos e a novas definições do que é ou deva ser a literatura.