A LITERATURA AMERICANA NA AMÉRICA DE MONTEIRO LOBATO
Aluno de Iniciação Científica: Vanessa de Paula Hey (PIBIC/CNPq)
Curso: Letras - Inglês ou Português com Inglês
Orientador: Milena Ribeiro Martins
Departamento: Lingüística, Letras Clássicas e Vernáculas
Setor: Ciências Humanas, Letras e Artes
Palavras-chave: influência americana; modernização; literatura
Área de Conhecimento: 80200001 - LETRAS
O projeto busca, através das referências a obras e autores americanos, identificar a presença e influência da literatura norte-americana nas obras de Monteiro Lobato – em especial em América (1932). A intenção do projeto não é só apenas identificar e quantificar as referências a autores e obras, mas integrar as referências intertextuais à análise e interpretação da obra de Lobato. O livro América, publicado após a viagem do autor aos Estados Unidos (1927 a 1931), apresenta-se sob a forma de diálogo entre um narrador brasileiro e um interlocutor inglês, Mr. Slang. Os personagens percorrem vários espaços nos Estados Unidos (museus, bibliotecas, cafés, edifícios, ruas, etc.), o que faz com que o livro possa ser tomado, inicialmente, como um relato de viagem ficcionalizado. Porém, mais do que uma apresentação do país, América apresenta reflexões acerca dos EUA e também do Brasil. Por meio dos diálogos, os personagens posicionam-se a repeito do progresso e desenvolvimento científico e tecnológico da nação norte-americana, por vezes numa atitude de reverência à modernização alcançada pelos americanos. Ao mesmo tempo essas reflexões se voltam para o Brasil e procuram interpretar a situação brasileira, buscando também possíveis soluções para os nossos problemas. Um dos primeiros passos da pesquisa foi o levantamento extensivo de referências à literatura americana em América e na Barca de Gleyre, livro de correspondências trocadas entre Lobato e Godofredo Rangel. Feito o levantamento, identificamos três elementos mais relevantes (dentre outras razões, por terem impacto significativo sobre outras obras do escritor): um conjunto de referências a língua inglesa e a Linguística, referências a obras americanas românticas, e discussões acerca do teatro e do cinema americanos dos anos 1920/30. A corrente romântica nos pareceu a de maior relevância para esse projeto, com destaque para o romance Walden (1854), de Henry Thoreau, que pode ser estudada como manifesto poético face ao grande desenvolvimento da civilização industrial, que ganhava forças nos Estados Unidos de 1860. A nação americana presenciava um grande desenvolvimento industrial e urbano, um crescimento exponencial que intensificava a complexidade da sua vida social. Por meio da apresentação das ideias de Walden por Mr. Slang, o escritor expôs críticas (não só suas) ao desenvolvimento norte-americano e à modernização como um fenômeno mais abrangente. Acentuar a importância do diálogo intertextual entre Lobato e Thoreau é uma maneira de dar voz ao caráter dialético de América.