O OPERADOR ALÉM DISSO EM TEXTOS DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA: ARGUMENTAÇÃO E POLIFONIA
Aluno de Iniciação Científica: Bruna Eisfeld Rosa Antunes (PIBIC/UFPR-TN)
Curso: Letras - Inglês ou Português com Inglês (M)
Orientador: Claudia Mendes Campos
Departamento: Lingüística, Letras Clássicas e Vernáculas
Setor: Ciências Humanas, Letras e Artes
Palavras-chave: além disso , argumentação , operadores textuais
Área de Conhecimento: 80101003 - TEORIA E ANÁLISE LINGUÍSTICA
Em seu estudo sobre as conjunções do português, Guimarães (2007) defende que o operador textual além disso articula dois enunciados que funcionam como argumentos para uma mesma conclusão, são enunciados de força igual, ambos se encontram num mesmo ponto da escala argumentativa. Entretanto, essa descrição foi questionada por alguns alunos do curso de Letras da UFPR. A intuição desses alunos era de que o argumento introduzido por além disso seria de maior força argumentativa. Para investigar por que a análise de Guimarães divergia da intuição dos falantes, iniciou-se uma pesquisa onde se analisou o funcionamento do operador além disso em um corpus constituído por textos de diferentes naturezas. A partir do conceito de polifonia (Ducrot, 1987), levantou-se uma segunda hipótese, a de que o além disso seria um operador polifônico. Uma primeira etapa da pesquisa observou os usos de além disso em redações do vestibular da UFPR para o curso de Letras e em notícias e artigos de opinião. O grupo de pesquisa concluiu que mesmo quando a polifonia se apresentava nos encadeamentos com além disso, não era esse operador que marcava o fenômeno. Entretanto, em sua análise das redações de vestibular, a bolsista Andressa D'Ávila concluiu que o operador possuiria sim funcionamento escalar. Ele introduziria um argumento mais forte do que aquele com que se articula, mas não necessariamente o argumento mais forte de toda a cadeia argumentativa, como se dá no caso do operador até mesmo. Numa segunda etapa dessa pesquisa, optou-se por ampliar o corpus analisado e observar o funcionamento do operador além disso em textos de divulgação científica na área de linguística. D'Ávila testou a hipótese escalar e também se a hipótese da polifonia, já anteriormente descartada, de fato não se manteria nesses textos. Sua análise confirmou que o além disso não marca polifonia nos textos do corpus. Ela também concluiu que o operadorteria funcionamento escalar, como havia defendido em sua análise anterior. Agora, dando continuidade a esse trabalho, analisamos esses textos para avaliar se a hipótese da escalaridade de fato se mantém. Concluímos essa pesquisa defendendo que o além disso não marca escalaridade. A intuição dos falantes viria do fato de o além disso, ao introduzir um segundo argumento, aumentar a força da cadeia argumentativa como um todo. Nesse sentido, o argumento introduzido por além disso não teria maior força argumentativa. Mas ao se adicionar outro argumento à cadeia – que poderia ter maior ou menor força – a argumentação como um todo se fortaleceria.