APLICAÇÃO E ANÁLISE DE TESTES EM AQUISIÇÃO DE ESTRUTURAS ARGUMENTAIS SIMPLES E COMPLEXAS
Aluno de Iniciação Científica: Letícia Schiavon Kolberg (PIBIC/CNPq)
Curso: Letras - Português
Orientador: Teresa Cristina Wachowicz
Departamento: Lingüística, Letras Clássicas e Vernáculas
Setor: Ciências Humanas, Letras e Artes
Palavras-chave: Bootstrapping , Aquisição , Linguística
Área de Conhecimento: 80100007 - LINGUÍSTICA
O objetivo deste trabalho é analisar a aquisição de estrutura argumental a partir dos processos de bootstrapping prosódico, sintático e semântico, observados em dados longitudinais de crianças em período de aquisição de linguagem (1;7 a 3;3 anos) registrados no banco de dados do projeto Construção de banco de dados para estudos em aquisição de tempo e aspecto, alocado na UFPR, e em testes presentes na literatura sobre o assunto (Gleitman (1990), Pinker (1989), Katz, Baker e Macnamara (1974), dentre outros). A estrutura argumental é a configuração formada pelo verbo e as expressões que o completam para a formação de uma sentença, como seus argumentos interno e externo. Esta estrutura é considerada motivada por questões sintáticas (Hoekstra & Mulder, 1990, apud Rappaport & Levin, 2005) ou configurações projetadas pelo léxico (Hale & Keiser, 2002, Grimshaw, 1990). Neste último caso, deve-se pensar em elementos da semântica lexical relevantes para a construção da estrutura argumental, como papéis temáticos (Dowty 1991) e acionalidade (Krifka 1998). O termo bootstrapping é usado na linguística para denotar o processo de desencadeamento da aquisição de linguagem, que permite que a criança acesse o processador gramatical.Muitos autores acreditam em uma hierarquia entre os tipos de bootstrapping, gerando o chamado bootstrapping problem, que questiona o que desencadearia inicialmente a aquisição tanto da estrutura argumental quanto de outros componentes linguísticos: informação prosódica, sintática ou semântica (Name (2007), Bloom (1999)). A nossa hipótese é a de que esta hierarquia não está presente, ao menos categoricamente, no processo de aquisição, havendo na verdade uma coocorrência de bootstrappings. De acordo com Christophe et. al. (2008), a criança apreende a estrutura argumental da língua através ao mesmo tempo de informação prosódica, para a representação prelexical necessária à distinção entre palavras funcionais e de conteúdo, interpretação semântica de alguns itens lexicais, e informação sobre a estrutura sintática para configurar a estrutura argumental. Evidências desta coocorrência de boostrappings são encontradas em trabalhos como o de Katz, Baker e Macnamara (1974), onde se observa que crianças de apenas dezessete meses possuem um rico entendimento do mapeamento entre sintaxe e semântica, sendo capazes de diferenciar um substantivo contável de um NP lexical, e de Hirsh-Pasek (1985), em que crianças também de dezessete meses mostraram entender a ordem de frases, assim como sua significação semântica, distinguindo os papéis de agente e paciente.