MÍDIA E COTAS RACIAIS

Aluno de Iniciação Científica: Viritiana Aparecida de Almeida (PIBIC/Fundação Araucária)
Curso: Ciências Sociais
Orientador: Nelson Rosário de Souza
Departamento: Ciências Sociais
Setor: Ciências Humanas, Letras e Artes
Palavras-chave: ação afirmativa , enquadramento midiático , desigualdade histórica
Área de Conhecimento: 70900000 - CIÊNCIA POLÍTICA

A implantação das políticas de ações afirmativas pelas universidades públicas tem provocado intensos debates na sociedade brasileira, especialmente a partir da propositura, pelo Partido Democrata – DEM - do instrumento jurídico arguição descumprimento do preceito fundamental – ADPF 186 contra ato do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da Universidade de Brasília - UNB, que aderiu ao sistema de ações afirmativas com recorte étnico-racial. A proposição da ADPF-186 pelo DEM levou o Supremo Tribunal Federal (STF) a realizar, no período de 3 a 5 de março de 2010, uma audiência pública a fim subsidiar o julgamento da referida arguição de descumprimento de preceito fundamental. O objetivo deste trabalho é buscar fazer uma análise quantitativa dos discursos debatidos na audiência pública concomitante a análise qualitativa da visibilidade, na mídia televisionada, dos argumentos favoráveis e contrários às políticas de ações afirmativas, especialmente no campo semântico do argumento da desigualdade histórica, debatido na audiência promovida pelo STF. A aplicação da metodologia deu-se da seguinte forma: num primeiro momento, se buscou nas referências bibliográficas os argumentos - tanto favoráveis quanto contrários - das ações afirmativas, focando o discurso da desigualdade histórica. Num segundo momento fez-se uma análise quantitativa dos discursos presentes na referida audiência, utilizando-se o software SPSS statistics 17.0. Foi também efetuada uma análise qualitativa das mensagens difundidas sobre o evento pelos programas jornalísticos Jornal Nacional e Jornal da Record. Tais análises apontaram, em apertada síntese, que, enquanto na audiência promovida pelo STF prevaleceram os discursos favoráveis às políticas de ações afirmativas, a mídia televisiva (ambos os jornais – Nacional e da Record) enfatizou os argumentos contrários às cotas raciais. Por fim, verificou-se também que o argumento da desigualdade histórica – utilizado pelos participantes da audiência para embasar decisão favorável às cotas raciais – foi veiculado pela mídia de forma a legitimar os argumentos contrários às ações afirmativas – os ministros do STF, de forma unânime, posicionaram-se favoráveis a estas.

 

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