SUPERAÇÃO DO LUTO NA CLÍNICA PSICANALÍTICA

Aluno de Iniciação Científica: Luciana Tiemi Kurogi (IC-Voluntária)
Curso: Psicologia
Orientador: Maria Virginia Filomena Cremasco
Colaborador: Giovana Fonseca Madrucci, Anna Luiza Veiga Gomes
Departamento: Psicologia
Setor: Ciências Humanas, Letras e Artes
Palavras-chave: luto , trauma , psicanálise
Área de Conhecimento: 70700001 - PSICOLOGIA

Para Freud (1915) a atitude do homem em relação à morte ocorre de forma perturbadora. Compreende-se que a morte faz parte do processo natural do ser humano, sendo ela inegável e inevitável. No entanto, de acordo com a psicanálise, nenhuma pessoa acredita na sua própria morte, ou seja, inconscientemente a pessoa supõe a sua própria imortalidade. Dessa forma, o homem fica chocado diante da morte, considerando algo muito terrível. A morte da pessoa amada causa um vazio, deixando-se de lado a esperança, o prazer e os desejos. A partir disso, Freud (1917) aponta que a reação do homem diante da perda do ente querido pode ser procedida por um luto normal ou por um luto patológico, que se caracterizaria pelo viés da melancolia. A organização psíquica melancólica se aproxima do estado traumático, sendo este caracterizado por um desamparo do ego em relação ao excesso súbito de excitação, externo e/ou interno, que ele não dá conta.  Nesse contexto, o objetivo dessa pesquisa foi investigar o processo de superação do luto em interface com o trauma psicológico sob a perspectiva psicanalítica. Justifica-se pela necessidade de compreensão acerca do processo de luto no viés clínico. Trata-se de uma pesquisa qualitativa exploratória iniciando-se por um estudo teórico baseado nas obras de Freud sobre trauma e luto. Nesta etapa foram realizadas entrevistas com pessoas que passaram pelo processo de luto e que fazem parte do grupo "Amigos Solidários na Dor do Luto", além de observações realizadas dos encontros desse grupo, que acontece semanalmente na Universidade Federal do Paraná. Os resultados foram submetidos à análise de conteúdo e interpretados sob o viés psicanalítico. Pôde-se verificar que a perda do ente querido pode ocorrer de forma traumática, caracterizada por falhas de representação do vivido, ou seja, não assimiláveis ao psiquismo. A vivência catastrófica pode paralisar o ego incidindo uma identificação melancólica do sujeito com o objeto perdido, impossibilitando-o de experienciar a perda e sua representação. Dessa forma, há uma dificuldade no processo de superação do luto, em decorrência da incapacidade do sujeito de tornar o fenômeno algo construtivo e estruturante e reinvestir em novos objetos. Como conclusão, os resultados encontrados apontam que a narrativa testemunhal da perda nesses processos traumáticos de luto, tal como ocorre no grupo pesquisado, pode possibilitar a elaboração do irrepresentável ao estabelecer, na presença de outros, possibilidades representacionais à dor insuportável, favorecendo assim, sua superação.

 

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