GERAÇÃO QUE CANTA! - AS FACES DO ROCK NA CULTURA EVANGÉLICA JUVENIL BRASILEIRA (1990-2010)
Aluno de Iniciação Científica: Laís Cândida Ferreira (PIBIC/CNPq)
Curso: História - Bacharelado
Orientador: Karina Kosicki Bellotti
Departamento: História
Setor: Ciências Humanas, Letras e Artes
Palavras-chave: Protestantismo , Juventude , Identidade
Área de Conhecimento: 70503001 - HISTÓRIA MODERNA E CONTEMPORÂNEA
O campo religioso brasileiro tem demonstrado que, ao contrário dos estudos que apontavam para sua retração em virtude da ascensão da pós-modernidade, adquiriu uma capacidade de se readequar às novas realidades sociais e culturais. As distinções entre sagrado e profano têm se tornado cada vez mais tênues e um exemplo disso é a inserção do rock, gênero musical comumente associado a uma cultura rebelde que, a partir da década de 1970, conquista espaço paulatinamente no meio evangélico, paralelamente a uma destradicionalização das igrejas evangélicas e do fortalecimento de uma representação juvenil mais ativa e interventora. A inserção de novos elementos no cenário evangélico enfrentou resistência por parte de grupos mais tradicionais, contudo, conquistou parcelas massivas de jovens que estavam em busca de novas formas de expressão de suas crenças. A presente pesquisa procurou analisar as formas de inserção desse gênero musical no cenário protestante brasileiro, bem como sua influência para a formação de identidades juvenis. Para tal propósito foram tomadas como fontes de estudo as canções de duas bandas: Oficina G3, atuante no mercado nacional evangélico desde 1990, e Desertor, representante do cenário underground evangélico desde 1995. A análise das canções em seu conjunto, compreendendo questões estruturais e contextuais, mostrou que essas bandas estão dialogando de forma intensa com o mercado secular, tanto em questões estéticas ligadas à sua performance quanto técnicas, referentes à sua musicalidade. Por outro lado, as ideias que procuram ser transmitidas permanecem ligadas à tradição pietista, mesmo no caso da Desertor que tem letras ligadas à temática punk. Observa-se que o campo protestante tem reorganizado seu diálogo com o cenário secular na tentativa de que seus adeptos, particularmente os jovens que estão mais propensos às mudanças, encontrem um campo fértil para a afirmação de uma identidade que respeite suas questões culturais, o que acaba contribuindo para a continuidade das ideias centrais do discurso.