ENTRE TESOUROS E TUMBAS: O EGITO DE D. PEDRO II E A EGIPTOLOGIA NO SÉCULO XIX
Aluno de Iniciação Científica: Jacqueline Monteiro dos Santos (PIBIC/CNPq)
Curso: História
Orientador: Renata Senna Garraffoni
Departamento: História
Setor: Ciências Humanas, Letras e Artes
Palavras-chave: Egito Antigo , D. Pedro II , Identidade Nacional
Área de Conhecimento: 70502005 - HISTÓRIA ANTIGA E MEDIEVAL
A Egiptologia, ciência que surgiu no continente europeu a partir da Redescoberta do Egito em fins do século XVIII e transcorrer do XIX, não tardou em chegar ao território brasileiro e a cativar um exímio estudioso e intelectual nacional: D. Pedro II do Brasil (1825-1891), um imperador amante das ciências e do conhecimento. Grande viajante, o monarca brasileiro, além de conhecer vários países europeus e orientais, foi o precursor do turismo de brasileiros nas terras banhadas pelo rio Nilo, visitando-as em 1871 entre 1876 e 1877. De suas viagens ao Egito, foram-nos legados, além de registros fotográficos e cartas pessoais destinadas a amigos e familiares, dois diários de viagens que trazem em suas páginas, com acuidade e destreza, várias ponderações, reflexões, impressões e sentimentos sobre o passado egípcio e a sociedade oriental moderna. Levando em consideração o contexto do século XIX, tanto em seu âmbito ocidental - permeado por discursos e concepções ocidentais sobre o Oriente - quanto nacional - envolvido por questões referentes à construção de uma identidade nacional para o Brasil -, o objetivo desta pesquisa, tendo como documentação primária os dois diários de viagem do imperador, é analisar e refletir, sob a óptica dos Usos do Passado, o lugar, no discurso de D. Pedro II, dedicado à construção do Oriente e, principalmente, do antigo e moderno Egito no projeto de identidade nacional brasileira. Considerando que as narrativas de viagem do imperador são representativas de suas visões de mundo e que todo discurso é político, cultural e intencional, recorremos, como metodologia, à Análise do Discurso, buscando compreender, por meio da relação existente entre texto e contexto, os objetivos da pesquisa e os principais elementos que constituíam o antigo e moderno Egito nos escritos de D. Pedro II. Como resultados, obtivemos a construção de um passado egípcio esplendoroso e apreciado pelo monarca brasileiro e de uma contemporaneidade oposta à ocidental e europeia, assumindo o Egito, desta maneira, uma posição de desvalorização e tornando-se um lugar de peculiaridades contraditórias ao que se ansiava para a nação brasileira. A pesquisa permite-nos apontar como conclusão que o olhar de D. Pedro II em suas viagens ao Egito é o olhar de um homem ocidental e influenciado pelas ideias europeias oriundas do discurso orientalista, pautadas principalmente pela ideia de hegemonia ocidental sobre o Oriente. Ainda, o Egito era um contraponto para o que se desejava para a identidade brasileira, pautada na ideia de civilização e tendo como aporte o homem europeu.