DO DELÍRIO AO INSTINTO : A EMERGÊNCIA DA SEXUALIDADE NO DISCURSO PSIQUIÁTRICO
Aluno de Iniciação Científica: Davi Cezar Cavalli Pradi (PET)
Curso: História
Orientador: Ana Paula Vosne Martins
Departamento: Letras Estrangeiras Modernas
Setor: Ciências Humanas, Letras e Artes
Palavras-chave:
Área de Conhecimento: 70500002 - HISTÓRIA
A categorização da vasta gama de males e doentes mentais faz-se evidente do ponto de vista das instituições psiquiátricas. Elas determinam como patológico o comportamento de sujeitos e grupos sociais de difícil enquadramento dentro da sociedade, num claro movimento de suspeição pelas alteridades dentro do funcionamento de uma instituição disciplinar. Nesta pesquisa procuro compreender como a instituição psiquiátrica constrói seu saber acerca e a partir da sexualidade e do sexo anômalo. Para tanto, proponho um estudo compreensivo sobre os discursos de Philippe Pinel, Bénédict Augustin Morel e Richard Von Krafft-Ebing, psiquiatras do século XIX que, por suas obras de grande influência – e pela repetição, circulação e destilação do saber –, deram forma ao conhecimento sobre as patologias mentais. A determinação da loucura enquanto doença mental pela instituição psiquiátrica incluiu na sua lista de males, na segunda metade do século XIX, o conjunto de patologias sexuais que remetem a todas as práticas que objetivam o desejo como a sodomia, a masturbação, entre outros atos que, portanto, foram colocados fora do esquadro da normalidade sexual do matrimônio. A função da ciência, justificada então pelos processos de interpretação e de produção cultural que a precedem, resume-se à tentativa de descrição de indivíduos, acabando por produzi-los através do processo de assujeitamento. O gênero, diante das noções de masculinidade, feminilidade e anormalidade, mostra-se enquanto uma categoria central nos debates das competências da psiquiatria. Assim, pode-se observar a importância do uso estratégico do conhecimento sobre a sexualidade, refinando categorias do discurso em favor do funcionamento do dispositivo do poder, produzindo o assujeitamento dos indivíduos definidos como sexualmente desviantes.