REGISTROS DOCUMENTAIS DO SÉCULO XVIII E XIX: DOCUMENTOS E MÉTODOS PARA DIZER DA VIDA E DA MORTE EM TEMPOS PASSADOS E LUGARES DISTANTES
Aluno de Iniciação Científica: Alysson de Avila Costa (PIBIC/CNPq)
Curso: História
Orientador: Martha Daisson Hameister
Departamento: História
Setor: Ciências Humanas, Letras e Artes
Palavras-chave: História do Brasil , Registros paroquiais , Onomástica
Área de Conhecimento: 70500002 - HISTÓRIA
O objetivo desse trabalho é analisar as práticas de nominação e de compadrio da população indígena de Rio Pardo, no atual território do Rio Grande do Sul, entre 1758 e 1763, a partir de registros batismais. Tal população é oriunda dos Sete Povos das Missões, reduções jesuíticas espanholas que passam para a jurisdição lusa por ocasião da demarcação territorial acordada entre Portugal e Espanha no tratado de Madrid de 1750. O batismo é o mais importante sacramento ministrado no cristianismo, pois é o momento em que o indivíduo nasce para a religião e é condição indispensável para o recebimento dos demais sacramentos, sendo que é neste momento em que é escolhido o prenome de quem é batizado. A documentação utilizada nessa pesquisa foi obtida através do website "www.familysearch.org". Trata-se de um livro destinado especificamente aos registros de batismos de indígenas, produzido em Rio Pardo entre 1758 e 1765. A partir dessa documentação foi elaborada uma tabela, a qual dará suporte para as análises propostas. Com esta tabela objetivou-se o levantamento de dados concernentes a esses registros: nomes do batizado, de seus pais e padrinhos, suas origens e condições sociais e/ou jurídicas. Foram levantados 363 registros, sendo 136 batizandos do sexo masculino, 144 do feminino e 85 cujo sexo não pode ser identificado na documentação. Entre os nomes identificados para o sexo masculino, os mais recorrentes seguem esta ordem: Miguel, Ignácio, Antônio, Francisco, João e Pedro; entre os nomes femininos, a ordem é: Maria, Anna, Ignácia, Antônia, Magdalena, Agostinha, Catharina, Juliana, Anastacia, Barbara, Cecilia, Izabel, Lourença, Michaela, Thereza e Vitoria. Do total de registros, um índio de São Anjo é o padrinho em 44 deles, sendo o padrinho mais recorrente. Não é possível identificar a predominância de alguma madrinha, pois existe um grande número de registros de Maria com o segundo prenome e/ou sobrenome ilegíveis. Verificou-se na bibliografia que os nomes mais recorrentes no ato do batismo dessa população diferem um tanto dos escolhidos por outras populações da colônia, sugerindo possivelmente reminiscências de práticas jesuíticas. E a grande quantidade de padrinhos e madrinhas indígenas permitem problematizar o processo de cristianização de indígenas nos Impérios Ibéricos.