A CONSTRUÇÃO ESPACIAL DA ESCRAVIDÃO: UMA ARQUEOLOGIA DA PAISAGEM NAS PLANTATIONS DO NORTE FLUMINENSE SETECENTISTA

Aluno de Iniciação Científica: Lucas Roahny (PET)
Curso: Ciências Sociais
Orientador: Luís Cláudio Pereira Symanski
Departamento: Antropologia
Setor: Ciências Humanas, Letras e Artes
Palavras-chave: arqueologia histórica , arqueologia da paisagem , escravidão
Área de Conhecimento: 70403007 - ARQUEOLOGIA HISTÓRICA

Este trabalho tem como objetivo discutir a conformação do espaço social no mundo rural do Rio de Janeiro setecentista. Para isso, busca-se analisar a paisagem de complexos arquitetônicos fundamentais na economia colonial do norte da província fluminense, a saber: os engenhos de açúcar da região de Campos dos Goitacazes que, a partir de meados do século XVIII, constituiu-se no principal centro de produção açucareira da província. Partindo de uma perspectiva comparada, a presente pesquisa visa perscrutar, tanto documentalmente quanto, em especial, ao nível de uma arqueologia da paisagem, a possibilidade de que a economia açucareira da região tenha comportado padrões diferenciados de relações sociais entre senhores e escravos, que podem ter variado não apenas diacronicamente (i.e. no longo-termo), mas também, no que tange a períodos mais curtos, em função de dois fatores os quais este trabalho busca mapear de modo detalhado: 1) possíveis diferenças na composição dos plantéis de escravos (crioulos, africanos de diferentes regiões do continente, etc.); 2) variações na composição da elite senhorial das fazendas estudadas (irmandades religiosas, senhores absenteístas ou residentes nas propriedades, etc.). Seguindo esta linha de investigação, a hipótese deste trabalho é de que a possível variabilidade encontrada em algum desses níveis expressou-se materialmente no espaço das plantations de açúcar da região, conformando paisagens distintas que, por sua vez, implicaram na construção de arenas sociais nas quais a possibilidade de negociação do poder senhorial frente aos grupos escravizados, bem como a natureza e amplitude da agência escrava, variou significativamente, impactando as dinâmicas de dominação e resistência próprias ao regime escravocrata das plantations do norte fluminense.

 

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