MOÇAMBIQUE E A GUERRA (1976-1994): TEMPORALIDADES E ESPACIALIDADES NO ROMANCE "TERRA SONÂMBULA" DE MIA COUTO

Aluno de Iniciação Científica: Lucas Camargo Gomes (PIBIC/CNPq)
Curso: Ciências Sociais
Orientador: LORENZO GUSTAVO MACAGNO
Departamento: Antropologia
Setor: Ciências Humanas, Letras e Artes
Palavras-chave: pós-colonialismo , literatura , antropologia
Área de Conhecimento: 70301000 - TEORIA ANTROPOLÓGICA

No período de 1965 a 1992, Moçambique passou por duas guerras que devastaram o país. De 1965 a 1975 uma guerra anticolonial e, após a independência, uma guerra civil que durou de 1976 a 1992. O presente trabalho visou tratar desse segundo período histórico de Moçambique fazendo dialogar dois "estilos" de narrá-lo. De um lado buscou-se referentes na narrativa historiográfica e de outro no livro ficcional Terra Sonâmbula (1992) do escritor moçambicano Mia Couto. Para tanto, mais do que tentar encontrar uma síntese conclusiva nesse dialogo, tentou-se primeiro situar a narrativa ficcional dentro do período em que ela se passa, para, em um segundo momento, fazer inserções sincrônico-tematicas. Na guerra civil duas visões se opunham, a da Frente de libertação de Moçambique(FRELIMO) que tinha um projeto marxista-lenilista de nacionalização e era apoiada pela URSS, e a Resistência Nacional de Moçambique (RENAMO), que tinha o projeto de não deixar a FRELIMO no poder, de defender a "democracia" e a economia de livre mercado sendo apoiada por Portugal, África do sul, entre outros.  Nesse contexto grande parte da população ficou desprotegida, época em que se registra cerca de 10.000 mortos, mais de 1 milhão de mutilados e cerca de 4 milhões de deslocados. O livro Terra Sonâmbula conta, através de duas narrativas paralelas, algumas histórias desse período. Assim, na intersecção dessas duas narrativas centramo-nos em alguns temas que esse livro aponta com: a relação entre as tradições locais e a necessidade de um "imaginário" nacional e os problemas identitários e culturais decorrentes dessa relação. Acreditamos, com isso, poder contribuir, ainda que modestamente, ao debate pós-colonial que vêm ocupando tanto os estudos culturais como a antropologia e ao dialogo entre a antropologia e a literatura.  

 

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