OS "OUTROS JAPONESES" DA COMUNIDADE NIKKEI:ITINERÁRIOS "OKINAWANOS" EM CURITIBA

Aluno de Iniciação Científica: Fernando Silva Myashita (IC-Voluntária)
Curso: Ciências Sociais
Orientador: Lorenzo Gustavo Macagno
Departamento: Antropologia
Setor: Ciências Humanas, Letras e Artes
Palavras-chave: imigração japonesa , comunidade nikkei , Okinawa
Área de Conhecimento: 70300003 - ANTROPOLOGIA

A pesquisa se propôs a mapear algumas particularidades identitárias surgidas no seio da chamada "comunidade nikkei" em Curitiba – nikkei é a abreviação do vocábulo japonês nikkeijin, que designa toda a população de descendentes de japoneses fora do Japão, incluindo os próprios emigrantes nascidos no Japão, os isei, segunda geração, nisei, terceira e quarta gerações, sansei e yonsei, atingindo até a quinta geração, gosei. O foco da análise esteve centrado nos descendentes de imigrantes da província japonesa de Okinawa, que se articulam em atividades recreativas e culturais na Associação Okinawa de Curitiba(AOC). A partir de um trabalho de campo realizado entre os "okinawanos" de Curitiba, o trabalho indagou acerca do conjunto de representações que compõe o repertório imaginário desta "comunidade". Dentro desse repertório foram abordadas as possíveis construções identitárias contrastivas entre "okinawanos" e "japoneses" e, portanto, a elaboração de certas "fronteiras" no interior do que se convém chamar de "comunidade japonesa" no Brasil. Tais dinâmicas contrastivas, "transplantadas" em função do processo imigratório iniciado em 1908, remontam a particularidades históricas surgidas no seio da sociedade japonesa, referentes à formação do Estado-Nação em fins do século XIX e o chamado "mito da homogeneidade nacional" que retrata a população japonesa como originária de um grupo étnico singular. Anexada em 1879, a província de Okinawa foi uma das primeiras conquistas do nascente estado imperialista japonês; estudos como o de Elisa Sasaki Pinheiro(2009) sustentam que sua posição subordinada e seu status diferencial no interior da sociedade japonesa ainda são patentes contemporaneamente. Nesse sentido, elementos comuns no discurso dos interlocutores tais como "resgate das raízes" e afirmação da "cultura okinawana" revelam alternativas à preconceitos e estereótipos históricos. Sopesar tais particularidades identitárias relativas à partilha de uma "origem comum" pôde nos oferecer, também, elementos para trazer a lume os diversos movimentos populacionais concernentes à "imigração okinawana" no Brasil: esses movimentos envolvem desde (1) migrações internas das colônias agrícolas aos centros urbanos, (2) a emigração pós-guerra, bem como (3) a reemigração de okinawanos primeiramente enviados à Bolívia os quais, mais tarde, acabaram por se instalar no Brasil. Assim, pretendemos analisar em que medida tais experiências e itinerários podem permitir falar em termos de uma "diáspora" okinawana, bem como identificar suas peculiaridades sócio-culturais em Curitiba.

 

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