HOMENS DE HONRA: MEMÓRIAS E TRAJETÓRIAS DA CAPOEIRA NO SISTEMA PENITENCIÁRIO PARANAENSE

Aluno de Iniciação Científica: ARIANA RODRIGUES GUIDES (PIBIC/UFPR-TN)
Curso: Ciências Sociais
Orientador: Liliana de Mendonça Porto
Colaborador: Magda Luiza Mascarello
Departamento: Antropologia
Setor: Ciências Humanas, Letras e Artes
Palavras-chave: Capoeira , Mestres de Capoeira , Sistema Penitenciário Paranaense
Área de Conhecimento: 70300003 - ANTROPOLOGIA

Esta pesquisa tem como objetivo o estudo de um grupo específico de capoeira e sua inserção oficializada no sistema penitenciário paranaense, a partir das histórias de vida de mestres que passaram por instituições de correção como internos e praticantes deste jogo/arte/luta. Entre junho de 2011 a maio de 2012, foram realizadas cinco entrevistas com mestres e contramestres, a fim de conhecer suas trajetórias e significados atribuídos para a capoeira em suas vidas, levando em conta os esforços feitos por eles ao lidar com lembranças dolorosas ao longo do tempo, e também durante as entrevistas em que foram convidados a falar sobre si. Os períodos de permanência na prisão abrangem grande parte de suas vidas, perpassando juventudes e fase adulta. Entre os esforços para esquecer ou lidar com experiências de tratamento prisional, existe também a relação com o "mundo externo" e a presença da estigmatização, algo que contribuiu significativamente para o silenciamento de experiências quando saíram da prisão e buscaram reestabelecer suas relações pessoais. O conteúdo das entrevistas permitiu levantar discussões sobre aspectos da relação dos capoeiristas com as instituições de correção, colocando perguntas sobre poder e reconhecimento conquistados no interior das prisões, principalmente pela forte presença da disciplina e honra específicas do grupo e quais as implicações disto nas instâncias de direção. Outra temática importante neste trabalho são as relações de disputa, presentes no universo da capoeira, que são relacionadas aos estilos de jogo, linhagens dos mestres e legitimação de suas histórias de vida. Elas ajudam a entender como a presença do preconceito pode complexificar as relações entre os grupos nos processos de reconhecimento do trabalho dos capoeiristas egressos. O diálogo com os mestres possibilitou compreender também de que maneiras vivenciaram e/ou foram responsáveis pela expansão da capoeira, dentro e fora do sistema penitenciário. De acordo com o mestre líder e fundador do grupo, a prática deste jogo/arte/luta está presente atualmente em todas as penitenciárias e centros de detenção provisória do estado. Os temas aqui trabalhados e o material de pesquisa também constituem o eixo principal de minha monografia final de curso, que será apresentada no final do primeiro semestre de 2012.

 

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