ESPORTE, CULTURA E PODER: ETNOGRAFIAS DO MUNDO EQUESTRE. ATLETAS E CORPORALIDADES NO JOCKEY CLUB DO PARANÁ

Aluno de Iniciação Científica: Eduardo Silveira Bischof (PIBIC/CNPq)
Curso: Ciências Sociais
Orientador: Miriam Adelman
Departamento: Ciências Sociais
Setor: Ciências Humanas, Letras e Artes
Palavras-chave: turfe , atletas-aprendizes , corpos
Área de Conhecimento: 70207003 - OUTRAS SOCIOLOGIAS ESPECÍFICAS

O campo esportivo pode ser visto como um espaço de sociabilidades, assim como de disputas de poderes e lutas simbólicas e/ou materiais, para os atletas, espectadores e demais sujeitos que participam nele, seja por vínculos de trabalho ou lazer. Por vezes, torna-se um meio de inserção e ascensão social de categorias sociais "excluídas",e portanto, um lugar onde podemos estudar as trajetórias e elaborações de sujeitos marcados por questões de raça, gênero e classe. Nesse sentido, podemos estudar o turfe (corridas de cavalo "institucionalizadas"), que como esporte equestre (mesmo um dos menos "feminilizados") começa a permitir que homens e mulheres convivam e compitam em espaços esportivos mistos. No Brasil como no exterior os Jockeys Clubes mantêm escolas de aprendizes deste esporte. O presente trabalho reflete a experiência de pesquisa de campo com atletas de ambos os sexos da Escola de Aprendizes do Jockey Club do Paraná, em Curitiba. Os jovens que iniciam suas trajetórias em busca de seu "capital esportivo" por um vínculo de trabalho-aprendiz são provenientes de classes sociais menos favorecidas e de trânsitos entre o meio rural e urbano, ou periurbano. Capital esportivo que visa a carreira de sucesso como atleta, mas também, lugares sociais, um nicho de sociabilidades para além da perspectiva ascendente do trabalho de jóquei. Percebendo como práticas corporais determinam a condição do atleta nas competições e até mesmo para chegar a estas, problematizamos a questão de intervenções corporais constituintes da noção de atleta e consequentemente da noção de pessoa. A pesquisa etnográfica revela como um modo de pensar e agir dos atletas se dá na produção de um "corpo jóquei", construído pelo disciplinamento do corpo em relação às práticas de treinamento e restrições ou intervenções nos hábitos alimentares e medicamentais que concorrem no que diz respeito à(s) subjetividade(s) e coporalidade(s) do atleta. São construções corporais que em alguma medida dizem sobre negociações de gênero que perpassam e ultrapassam os binarismos de condutas e corpos convencionalmente masculinos ou femininos. A negociação na construção e manutenção desse corpo nos diz ainda sobre as relações entre humanos e não-humanos, nas quais a categoria "peso" é constituinte do êxito nas competições e na carreira esportiva de ambos os atletas (humano e animal). Dentro do contexto etnográfico busca- se a reflexão entre práticas "corporificadas" que contribuem para pensar categorias sociologicamente relevantes como corpos, subjetividades, saúde e suas relações com trabalho e lazer.

 

1147