DOS DILEMAS PARA A INSTITUCIONALIZAÇÃO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS NO ENSINO SECUNDÁRIO BRASILEIRO: O CASO DA DISCIPLINA DE ESTUDOS SOCIAIS (1961-1971)

Aluno de Iniciação Científica: Cristiane Garcia Pires (PET)
Curso: Ciências Sociais
Orientador: Simone Meucci
Departamento: Ciências Sociais
Setor: Ciências Humanas, Letras e Artes
Palavras-chave: educação , história das ciências sociais no Brasil , livros didáticos
Área de Conhecimento: 70201021 - HISTÓRIA DA SOCIOLOGIA

Esse trabalho, que está em fase inicial, tem como objetivo estabelecer nexos entre o contexto político do Brasil e os conteúdos de manuais didáticos de Estudos Sociais, para o ensino secundário, produzidos no período da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de 1961-1971. O estudo desse tipo de material parece-nos bastante considerável se pensarmos em sua importância para a circulação das ideias sociológicas na sociedade mais ampla e a consequente institucionalização das ciências sociais no Brasil. Além disso, os debates sobre o sentido da educação secundária nesse período tornam essa modalidade de ensino bastante emblemática para se pensar o processo de modernização da educação nacional. Nesse sentido, trabalhamos duas hipóteses principais: a) A primeira é de que, a despeito de a Sociologia ter sido retirada do ensino secundário em 1942, seus conteúdos estiveram presentes em outras disciplinas, dentre elas, a de Estudos Sociais. Com efeito, por meio do levantamento dos sumários dos 11 manuais encontrados e da observação de suas referências bibliográficas, constatamos bastante semelhança com os compêndios de Sociologia publicados durante a década de 1930, encontrando por vezes, os mesmos autores; b) nesse sentido, por meio de nossa pesquisa será possível perscrutar a própria dinâmica do pensamento social brasileiro a respeito da educação, pois nos parece haver, em momentos distintos da história nacional (no caso, a ditadura dos anos 30 e a dos anos 60), a reprodução dos mesmos debates, retóricas e dilemas. Para respondermos a nossas indagações e testarmos as hipóteses, nos utilizaremos da noção de "contexto linguístico" de Quentin Skinner, buscando encontrar as palavras chave que faziam parte do repertório da época, capazes de legitimar a argumentação e a perspectiva política dos autores. A seleção dos manuais para análise privilegiou escritores recorrentes nesse tipo de produção, tendo em vista a hipótese b. Assim, provavelmente trabalharemos com os seguintes manuais: Estudos sociais brasileiros de João Camilo de Oliveira Torres (1968), Introdução metodológica aos estudos sociais de Delgado de Carvalho (1971, 2ª edição) e Manual de Sociologia, de Theobaldo de Miranda Santos (1968, 5ª edição).

 

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