A CRÍTICA DA CIÊNCIA E DA MODERNIDADE NA FILOSOFIA DO "PRIMEIRO" HEIDEGGER
Aluno de Iniciação Científica: Murilo Luiz Milek (PIBIC/UFPR-TN)
Curso: Filosofia (Bacharelado com Licenciatura Plena)
Orientador: Marco Antonio Valentim
Departamento: Filosofia
Setor: Ciências Humanas, Letras e Artes
Palavras-chave: Heidegger , Ciência , Descartes
Área de Conhecimento: 70101000 - HISTÓRIA DA FILOSOFIA
O objetivo deste trabalho é, remontando a leitura que Martin Heidegger faz das "Regras Para a Direção do Espírito" de René Descartes no texto "Introdução à Investigação Fenomenológica" de 1924 – portanto, três anos antes da publicação de sua principal obra: "Ser e Tempo" –, tentar identificar a origem da crítica heideggeriana à ciência moderna, que se desdobrará ao longo dos anos por praticamente toda sua obra, junto da crítica à modernidade filosófica. Por um lado, Heidegger mostra no texto como Descartes permanece essencialmente determinado pela ontologia antiga, substancialista, e que esta não é criticada pelo autor francês em nenhum momento; dessa forma, a ciência moderna, que tem na filosofia cartesiana um de seus principais fundamentos, não é capaz de, por seus próprios meios, fazer uma crítica da ontologia que a determina, isso é, não pode ser suficientemente radical em suas investigações. Por outro lado, apesar de ser completamente determinada por essa ontologia, Heidegger identifica uma novidade – ainda que com sentido extremamente negativo – na filosofia de Descartes: a aplicação da "Regra geral" de clareza e distinção a todo conhecimento humano; segundo o autor alemão, tal regra surge no pensamento cartesiano a partir de uma reflexão histórica sobre as matemáticas, e sua aplicação a todos os tipos de conhecimento, mesmo aos que não tem o mesmo caráter que o matemático, é uma extrapolação de suas possibilidades; nesse momento, cabe também mostrar brevemente a reflexão heideggeriana sobre o papel aparentemente ambíguo da "História" no pensamento de René Descartes, que aparece no texto de 1924. A partir desse cenário, e levando em conta a proposta ontológica de Heidegger, tentarei mostrar como a preocupação heideggeriana com a "coisificação da consciência", revelada em "Ser e Tempo", pode surgir desse questionamento ontológico da ciência moderna.