IDENTIDADE E TOTALIDADE: ADORNO ENTRE KANT E HEGEL

Aluno de Iniciação Científica: Gabriel Petrechen Kugnharski (PET)
Curso: Filosofia (Bacharelado com Licenciatura Plena)
Orientador: Luiz Sérgio Repa
Departamento: Filosofia
Setor: Ciências Humanas, Letras e Artes
Palavras-chave:
Área de Conhecimento: 70100004 - FILOSOFIA

Segundo um dos principais comentadores de Adorno, a crítica de Hegel a Kant e a metacrítica de Kant a Hegel constituem o elemento próprio da filosofia adorniana (Nobre, 1998, p.171). Partindo desta ideia, este trabalho de pesquisa busca compreender as obras da maturidade do pensamento de Adorno, em especial a Dialética Negativa (1966), a partir da leitura que o filósofo frankfurtiano faz de Kant e Hegel em torno dos conceitos de identidade e totalidade. Buscamos, em primeiro lugar, tratar das críticas de Adorno à dialética hegeliana. Dentro deste âmbito, as críticas ao princípio de identidade, à hipóstase do conceito e à exigência de totalidade são centrais para nós. Estas críticas se dão em nome do que Adorno denomina não-idêntico, isto é, aquilo que escapa à identidade, que não se deixa apreender conceitualmente e que reside para além do todo e, por isso mesmo, o desmente. Isso leva à antítese da célebre constatação hegeliana acerca do todo: para Adorno, ele é o não-verdadeiro. A partir destas críticas, poderemos compreender o processo pelo qual a dialética positiva e idealista de Hegel é invertida e se torna, em Adorno, negativa e materialista. Em segundo lugar, buscamos elucidar o sentido da "metacrítica" kantiana de Hegel proposta por Adorno. Em outras palavras: qual o lugar ocupado por Kant na crítica adorniana da identidade e da totalidade hegelianas. Este procedimento nos permitirá avaliar o impacto da leitura adorniana de Kant e de Hegel para a formulação da própria dialética negativa como um anti-método que se coloca como o único modelo de pensamento possível para a filosofia quando esta se depara com seu próprio fracasso. Com isso também buscamos iluminar os conceitos de identidade e totalidade, conceitos estes que são fundamentais para a compreensão do projeto adorniano de "ir além do conceito por meio do conceito" (Adorno, 2009, p.22) e, num sentido mais amplo, do diagnóstico do capitalismo tardio proposto por Adorno na obra de 1966.

 

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