A NATUREZA DOS OBJETOS SIMPLES NO TRACTATUS DE WITTGENSTEIN

Aluno de Iniciação Científica: Gabriel Cardoso Galli (PET)
Curso: Filosofia (Bacharelado com Licenciatura Plena)
Orientador: Alexandre Noronha Machado
Departamento: Filosofia
Setor: Ciências Humanas, Letras e Artes
Palavras-chave: Wittgenstein , Linguagem , Mundo
Área de Conhecimento: 70100004 - FILOSOFIA

Para uma corrente interpretativa bem estabelecida, o Tractatus Logico-Philosophicus de Ludwig Wittgenstein apresenta uma teoria metafísica realista sobre os objetos simples, pois a capacidade da linguagem de representar o mundo decorreria de ligações estabelecidas entre partes elementares da Linguagem (nomes) e partes elementares do Mundo (objetos simples). Defendem essa tese: G. Anscombe, A. Kenny, P. Hacker e David Pears [The False Prison, 1987]. Conforme D. Pears [1987, p.103-4], a possibilidade do discurso factual assenta-se na existência de objetos simples, de tal modo que a estrutura lógica da linguagem lhe é imposta "de fora" pela estrutura última da realidade. Há uma segunda leitura do Tractatus, anti-metafísca, cujos defensores entendem que a investigação que Wittgenstein desenvolve no Tractatus é apenas interna à linguagem, e limita-se a afirmações sobre ela. São defensores desta tese: Rush Rhees, Peter Winch, e Marie McGinn [Simples and the idea of Analysis in the Tractatus, 2007]. Segundo M. McGinn [2007, p.201], o argumento de Wittgenstein sobre a existência necessária dos objetos simples não implica qualquer afirmação sobre constituintes fundamentais de uma realidade independentemente constituída, e supor isto é cometer o mesmo erro de pensar que as proposições da lógica expressam verdades gerais sobre o mundo. Neste caso, estar-se-ia cometendo o erro de tratar o que é interno à linguagem, como se fosse uma questão de fato – erro que o próprio Wittgenstein denunciou. Tendo em foco esta discussão, neste trabalho farei uma análise dos principais argumentos utilizados pelas duas interpretações, apontando, ao final, não uma resolução, mas algumas implicações que tais teses têm sobre o núcleo da "teoria" pictórica. Para tanto, inicio com um panorama geral das influências que Frege e Russell exerceram sobre Wittgenstein à época do Tractatus, explicando três noções: a) análise lógica completa da proposição; b) determinação do sentido da proposição; c) princípio do contexto. Em seguida, trato da noção de objeto simples nos Notebooks (obra anterior ao Tractatus). Passo, então, a analisar os argumentos em favor da tese anti-metafísica, e argumentos em favor da tese metafísica. Por fim, aponto os direcionamentos sobre a compreensão do isomorfismo do Tractatus que cada uma das interpretações leva seus respectivos adeptos a aceitar. O ensejo que fez ser este o tema escolhido é a relevância do tema para o debate, não apenas sobre a filosofia de Wittgenstein, mas sobre o problema da (co)relação entre Linguagem e Mundo.

 

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