As neoplasias palpebrais primárias em gatos costumam ser malignas, sendo o tumor de bainha de nervo periférico, o carcinoma espinocelular, o mastocitoma e o melanoma as mais frequentemente diagnosticadas. Relata-se a ocorrência de hidrocistoma palpebral em uma gata da raça Persa, com nove anos de idade. A gata foi apresentada para consulta oftalmológica devido à presença de um nódulo de 5 x 5 x 3 mm, de aspecto regular, superfície lisa, cantos arredondados, coloração castanho-enegrecida, no canto nasal da pálpebra superior de olho direito. Na microscopia óptica o nódulo apresentou-se como grande cavidade cística preenchida por conteúdo protéico semelhante à secreção apócrina, revestida por camada única e, eventualmente dupla, de células epiteliais cubóides bem diferenciadas. Ao redor desta cavidade cística evidenciaram-se inúmeras outras dilatações císticas semelhantes. Sinais de malignidade não foram evidenciados e as margens cirúrgicas apresentaram-se livres de células neoplásicas. Embora as neoplasias palpebrais possam causar irritação ocular, mau-fechamento das pálpebras e, consequentemente, úlcera de córnea, nenhuma destas lesões foi evidenciada e o prognóstico quanto à saúde ocular neste caso mostrou-se excelente. Ainda, a literatura relata que após excisão cirúrgica do hidrocistoma palpebral, chances de novos hidrocistomas ocorrerem em outros locais das pálpebras existem, apesar de que tal relato também não foi observado neste caso, dentro do período de dois meses após excisão cirúrgica curativa. O hidrocistoma palpebral, também chamado de cistoadenoma apócrino dos gatos persas, é uma neoplasia pouco frequente nas pálpebras de gatos, mesmo sendo os gatos da raça persa curiosamente mais predispostos a desenvolvê-lo. Por apresentar-se macroscopicamente pigmentado, a neoplasia deve ser diferenciada do melanoma, que é uma neoplasia palpebral de prevalência importante em gatos. A conduta terapêutica e o prognóstico quanto à saúde ocular e sistêmica do paciente diferem muito entre o hidrocistoma e o melanoma, tornando o diagnóstico histopatológico imperativo nestes casos. Este estudo contribui com informações clínicas e histopatológicas sobre neoplasias palpebrais em gatos.