A IMPORTÂNCIA DA INVESTIGAÇÃO DA PRESENÇA DE VÍRUS ROCIO NO BRASIL EM HUMANOS E ANIMAIS PARA A SAÚDE PÚBLICA

Aluno de Iniciação Científica: Daniel Miranda Andretta (Pesquisa voluntária)
Curso: Medicina Veterinária - Curitiba
Orientador: Walfrido Kühl Svoboda
Co-Orientador: Eliane Carneiro Gomes
Colaborador: Letícia Carneiro Gomes, Bernardo Wessler Dagostim, Mayara Eggert
Departamento: Saúde Comunitária
Setor: Ciências da Saúde
Palavras-chave: Zoonoses , Epizootias , Rocio
Área de Conhecimento: 40602001 - SAÚDE PÚBLICA

O Vírus Rocio (ROCV) é um arbovírus pertencente à família Flaviviridaee, como todos os flavivírus, é um vírus RNA fita simples com sentido positivo, envelopado. Possui tamanho de 43nm. O ROCV está filogeneticamente relacionado ao complexo do vírus da encefalite japonesa (JEC), sendo antigenicamente semelhante principalmente ao vírus Ilhéus (ILHV). O vírus Rocio tem grande importância para a Saúde Pública por ser o agente etiológico da primeira epidemia de encefalite por arbovírus conhecida no Brasil, no período entre março de 1975 até 1978, com os primeiros casos identificados nos municípios da extremidade nordeste do Vale do Ribeira. Rapidamente se alastrou no sentido leste-oeste e leste-sudoeste desta região e também a municípios da Baixada Santista. Para verificar a importância dos animais no ciclo epidemiológico desta doença, foi realizada revisão bibliográfica em bancos de dados e outras fontes. O vírus foi isolado pela primeira vez do cerebelo de um homem de 39 anos que foi a óbito em 8 de dezembro de 1975, sendo isolado em mais 10 humanos. Apresentou um significativo pico de maior morbidade em 1976 coincidindo com maiores índices pluviométricos e de temperatura média, tendo caráter sazonal durante toda epidemia. Por este e outros fatores epidemiológicos, acredita-se que o ROCV é transmitido por mosquitos, principalmente do gênero Culex, segundo o que se conhece da filogenia do JEC. Porém, nunca foi isolado este vírus em mosquitos do gênero Culex, mas sim em 19 mosquitos Psorophora ferox em pesquisa durante os anos epidêmicos. Sendo também isolado no final da epidemia de uma ave (Zonotrichia capensis), popularmente conhecido como tico-tico, e de um camundongo "sentinela". Por este fato e também pelo o que se apresentaram em análises sorológicas de anos seguintes, as aves são os prováveis principais reservatórios do ROCV.  Segundo o total de casos de encefalite por ROCV, apresentou índice de mortalidade de 10%, com maior coeficiente nas idades extremas, ou seja, nos imunocomprometidos; em levantamento de 1976, dos sobreviventes acometidos por essa moléstia, se definiu que em 23% dos casos tiveram sequelas neurológicas graves. A criação de uma vigilância sorológica mais específica em animais, principalmente em aves, para ROCV, se mostra como ferramenta de extrema importância para verificar a circulação do vírus e a possibilidade do surgimento de uma nova epidemia, que caso aconteça, estratégias já poderiam ser definidas para o seu controle.

 

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