INTRODUÇÃO: O Diabetes Melito tipo 1 (DM1) é uma doença que resulta da destruição das células b pancreáticas, caracterizando-se por um comprometimento do metabolismo da glicose. É a segunda doença crônica mais prevalente na infância, e nota-se um aumento em sua incidência em todo mundo desde 1960. O tratamento adequado do DM1 em crianças e adolescentes é de grande importância para a manutenção de seu crescimento linear e maturação sexual, além da prevenção de complicações vasculares e neurológicas que podem advir do mau controle metabólico. OBJETIVOS: avaliar o crescimento, a puberdade e a maturação óssea de crianças e adolescentes com DM1, atendidos num serviço universitário, por uma equipe multiprofissional. MÉTODOS: estudo transversal, ambispectivo, em que foram incluídos, por conveniência, 41 pacientes, de ambos os sexos, com idades entre 4 e 18 anos, atendidos no período de fevereiro a setembro de 2011 na Unidade de Endocrinologia Pediátrica do Departamento de Pediatria da UFPR. Os critérios de exclusão foram: diagnóstico de DM1 há menos de 2 anos, concomitância de doenças que poderiam interferir no crescimento e/ou desenvolvimento puberal, perda de seguimento > 1 ano. RESULTADOS: A idade média foi de 11,1 anos, a idade média no diagnóstico do DM1 foi de 5,7 anos. 21 pacientes (14 meninas) eram púberes (início da puberdade com 9,5 anos nas meninas e 11 anos nos meninos). A média da dose de insulina (U/kg/dia) utilizada pelos pacientes púberes foi semelhante àquela utilizada pelos pré-púberes (1,07 ± 0,27 vs 0,95 ± 0,23; p = 0,13). A média da HbA1c foi de 9,6%±1,9 e o controle glicêmico mostrou-se inadequado (HbA1c > 7,5%) em 83% dos pacientes. O índice de massa corporal era normal na maioria dos indivíduos. O escore Z de estatura ao diagnóstico foi maior que o alvo familiar (AF), enquanto que o atual não diferiu do AF. A idade óssea (IO) e a cronológica (IC) eram compatíveis em 59%. A estatura final prevista em 62% dos pacientes estava dentro do AF. Não foi observada associação entre a estatura final prevista e a HbA1C. Em 26/37 pacientes os valores de IGF-1 estavam abaixo da média para a idade, sem diferença significativa em relação à estatura. Não foi evidenciada relação do IGF-I com a HbA1c. CONCLUSÕES: nesta população, o escore Z de estatura e a estatura final prevista não diferiram do AF; e a HbA1C não interferiu no crescimento e puberdade, que foram normais.