AVALIAÇÃO DOS CASOS DE EVENTOS ADVERSOS À VACINA BCG ATENDIDOS NO SERVIÇO DE INFECTOLOGIA PEDIÁTRICA DO HOSPITAL DE CLÍNICAS DA UFPR
Aluno de Iniciação Científica: Léa Grupenmacher Iankilevich (PIBIC/Fundação Araucária)
Curso: Medicina
Orientador: Cristina Rodrigues Cruz
Co-Orientador: Andrea Maciel de Oliveira Rossoni
Colaborador: Maria Gabriela de Aguiar Moreira Garbelini, Tony Tannous Tahan, Ana Paula Oliveira Silva
Departamento: Pediatria
Setor: Ciências da Saúde
Palavras-chave: BCG , Reações adversas , Crianças
Área de Conhecimento: 40101088 - PEDIATRIA
Introdução: A BCG, vacina produzida a partir da suspensão de Mycobacterium bovis atenuado, é à única forma de proteção disponível contra formas graves de tuberculose. Recomenda-se sua aplicação após o nascimento e faz parte do calendário básico de vacinação do Ministério da Saúde (MS). Suas reações adversas locais e sistêmicas são infrequentes e de notificação compulsória, e decorrem de: técnica inadequada de aplicação, tipo de cepa utilizada e quantidade de bacilos atenuados, disseminação 2ª a imunodeficiência congênita ou adquirida. Objetivo: Analisar os casos de evento adverso à BCG atendidos no Serviço de Infectologia Pediátrica do HC-UFPR, avaliando características clínicas e evolutivas. Materiais e métodos: Estudo transversal com coleta de dados retrospectiva, por meio de revisão dos prontuários dos pacientes que apresentaram evento adverso a BCG atendidos entre 2005 e 2011. Foram excluídos os casos de reação normal à BCG ou cujos prontuários não estavam disponíveis. Resultados: Dos 44 pacientes avaliados, 30 foram excluídos (sendo 20 considerados reação normal à vacina) e 14 foram incluídos como reação adversa à BCG. A idade mediana foi 9,53 meses (1,8 a 157,5 meses). Lesão disseminada e sintomas sistêmicos ocorreram em apenas um paciente, e todos apresentavam sintomas locais. Dois pacientes apresentavam doença de base: asma e imunossupressão, esta última diagnosticada na investigação da disseminação da BCG. Optou-se por tratamento expectante em 5 casos e tratamento com isoniazida nos 9 restantes, sendo que 3 necessitaram de terapia complementar: associação de rifampicina em dois e esquema rifampicina/isoniazida/etambutol/estreptomicina/ciprofloxacino no imunossuprimido devido à disseminação da Mycobacteria. Apenas 7 dos 14 pacientes haviam sido notificados. Conclusões: A maior parte dos pacientes encaminhados por reação adversa à BCG apresentava evolução normal da imunização. Notificação compulsória havia sido realizada em apenas metade dos casos, o que sugere inadequação dos serviços em relação à conduta preconizada pelo MS. A reação adversa local foi observada em todos os casos e a reação sistêmica com disseminação ocorreu em apenas um paciente, o qual apresentava imunodeficiência congênita grave. Apesar de infrequente na amostra, a imunodeficiência é de extrema importância devido a sua alta morbimortalidade. Como a BCG é aplicada logo após o nascimento, reação local ou disseminação após a vacina devem ser investigadas, visando o diagnóstico de possível imunodeficiência e instituição de tratamento precoce, evitando desfechos desfavoráveis.