ANÁLISE DOS CASOS DE TUBERCULOSE EXTRAPULMONAR ATENDIDOS NO SERVIÇO DE INFECTOLOGIA PEDIÁTRICA DO HOSPITAL DE CLÍNICAS DA UFPR
Aluno de Iniciação Científica: Ana Paula de Oliveira Silva (PIBIC/CNPq)
Curso: Medicina
Orientador: Cristina de Oliveira Rodrigues
Co-Orientador: Andrea Maciel de Oliveira Rossoni
Colaborador: Léa Grupenmacher Iankilevich, Juliana Breus, Tony Tannous Tahan
Departamento: Pediatria
Setor: Ciências da Saúde
Palavras-chave: tuberculose extrapulmonar , criança , características clínicas
Área de Conhecimento: 40101088 - PEDIATRIA
Introdução: A tuberculose (TB) continua sendo uma doença crônica importante, sobretudo nos países em desenvolvimento. O Brasil é um dos 22 países que representam 80% da carga mundial de TB. Da incidência total de TB no país, 15% são em menores de 15 anos, com a forma pulmonar predominando. A TB extrapulmonar (TBE) representa aproximadamente 20% das TB na população pediátrica. Objetivos: Analisar os casos de TBE nas crianças acompanhadas pelo Serviço de Infectologia Pediátrica do HC-UFPR, avaliando seus perfis epidemiológico, clínico e laboratorial. Pacientes e Método: Estudo transversal com coleta de dados retrospectiva, baseado na revisão de prontuários dos pacientes selecionados no banco de dados do serviço, com diagnóstico de TBE entre 2005 e 2011. Foram avaliadas características clínicas, evolutivas, métodos diagnósticos e terapia utilizada. Resultados: No período foram atendidos 21 casos de TBE. A idade mediana foi de 9,4 anos (0,8 a 13,3 anos) e 12 pacientes eram do sexo masculino. A mediana do tempo entre o início dos sintomas e o diagnóstico foi de 3,5 meses (0,3 a 36 meses). As apresentações clínicas foram: ganglionar: 11 (um caso com TB pulmonar concomitante); miliar: 3 (todas com envolvimento meníngeo); óssea: 3; peritoneal, pleural, testicular e meníngea: 1 caso cada. Contato com adulto tuberculoso foi relatado em 15 casos. Na investigação, 72% dos pacientes tiveram prova tuberculínica forte reatora. O diagnóstico etiológico foi confirmado em 52,3% dos casos (baciloscopia e/ou cultura para BAAR e/ou PCR). Em 10/12 casos o exame anatomopatológico foi compatível com TB. O tratamento instituído foi Rifampicina+Isoniazida+Pirazinamida (RIP) em 17 casos, RIP + Etambutol em 2 e associação Ofloxacina, Etionamida e Etambutol em um paciente HIV positivo com TB pleural multirresistente. Um caso não foi tratado por abandono. Concluíram o tratamento 13 pacientes; 2 foram transferidos para outros serviços e 6 abandonaram. Ao final do tratamento 6 pacientes apresentaram seqüelas - paralisia cerebral: 1; deformidade de coluna: 2 e cicatriz cutânea deformante: 3. Conclusão: A forma de apresentação predominante foi a ganglionar e a maioria dos pacientes teve contato com adulto com TB. O tempo necessário para o diagnóstico foi prolongado, o que demonstra que o diagnóstico da TBE é um desafio, exigindo exames sofisticados como biópsias e técnicas de biologia molecular, além da suspeita clínica. O índice de abandono do tratamento foi alarmante (28,5%), o que destaca a necessidade de envolvimento amplo do sistema de saúde no tratamento desses pacientes.