AVALIAÇÃO COMPORTAMENTAL E DO DESENVOLVIMENTO SEXUAL DE RATOS WISTAR EXPOSTOS À FLUOXETINA IN UTERO E LACTAÇÃO
Aluno de Iniciação Científica: Noruê Salum (PIBIC/CNPq)
Curso: Farmácia
Orientador: Paulo Roberto Dalsenter
Co-Orientador: Juliane Centeno Müller
Colaborador: Lea Chioca, Roberto Andreatini, Anderson Joel Martino-Andrade.
Departamento: Farmacologia
Setor: Ciências Biológicas
Palavras-chave: fluoxetina , ensaio in utero e lactação , análises neuroquímicas
Área de Conhecimento: 21007004 - TOXICOLOGIA
Nas duas últimas décadas houve um grande aumento no uso do antidepressivo fluoxetina por mulheres gestantes e lactantes. Esse aumento foi acompanhado por informações limitadas e muitas vezes controversas sobre os efeitos neuroquímicos a longo prazo que a exposição a esta droga poderia produzir no concepto ou neonato. Assim, o presente trabalho teve como objetivo investigar possíveis alterações nos níveis de neurotransmissores e seus metabólitos em estruturas cerebrais relacionadas com depressão e ansiedade em ratos Wistar expostos à fluoxetina in utero e lactação.Para tanto, ratas Wistar prenhas (± 90 dias) foram expostas via oral à fluoxetina (0,4, 1,7 e 17 mg/kg) ou água destilada (5 mL/kg) do 7º dia de prenhez ao 21º dia de lactação. Os filhotes fêmeas e machos foram avaliados somente na vida adulta (± 100 dias), quando foram eutanasiados e as estruturas córtex pré-frontal e hipocampo foram dissecadas e congeladas imediatamente a -70 °C para posterior detecção e quantificação dos neurotransmissores e seus metabólitos por cromatografia líquida de alta eficiência. As análises neuroquímicas mostraram uma redução significativa nos níveis de noradrenalina (NA), do ácido 3,4-dihidroxifenilacético (DOPAC) e do ácido 5-hidroxindolacético (5-HIAA) no córtex pré-frontal de fêmeas expostas à fluoxetina na dose de 0,4 mg/kg, e de machos expostos à fluoxetina na dose de 1,7 e 17 mg/kg. Além disso, NA foi significativamente diminuída no hipocampo de filhotes machos expostos à 0,4 mg/kg de fluoxetina. Da mesma maneira, filhotes machos expostos a fluoxetina na dose de 1,7 mg/kg tiveram uma redução significativa nos níveis de 5-HIAA hipocampais. Em contrapartida, as quantidades de neurotransmissores e seus metabólitos no hipocampo de filhotes fêmeas não diferiram do grupo controle em nenhum dos grupos tratados com fluoxetina. Estas alterações neuroquímicas moduladas pela exposição à fluoxetina no início da vida foram sexualmente dimórficas e variaram de acordo com a dose. Estes resultados indicam que a fluoxetina pode causar efeitos neuroquímicos a longo prazo quando administrada em períodos críticos de neurodesenvolvimento.