ESTUDO DOS MECANISMOS DE AÇÃO ENVOLVIDOS NO POSSÍVEL EFEITO HIPOTENSOR DA PERESKIA GRANDIFOLIA HAWORTH EM RATOS
Aluno de Iniciação Científica: Daniel Cittadella Dominico (PIBIC/UFPR-TN)
Curso: Medicina
Orientador: José Eduardo da Silva-Santos
Co-Orientador: Priscila de Souza, Sandra Crestani
Colaborador: Nathan Marostica Catolino, Caroline Calixto Kazama, Arquimedes Gasparotto Júnior
Departamento: Farmacologia
Setor: Ciências Biológicas
Palavras-chave: Hipertensão , Plantas medicinais , Pereskia grandifolia
Área de Conhecimento: 21004005 - FARMACOLOGIA CARDIORENAL
A Pereskia grandifolia Haworth (Cactaceae), conhecida popularmente como Ora-pro-nobis, é uma plantanativa da restinga brasileira e que tem indicação na medicina popular como emoliente, expectorante e anti-hipertensivo. Estudos recentes de nosso grupo de pesquisa têm comprovado seu efeito hipotensor e diurético em ratos. Neste trabalho investigamos os mecanismos pelos quais se dá a ação hipotensora da Fração Aquosa da P. grandifolia (FAPG). Todos os procedimentos experimentais foram submetidos e aprovados pelo Comitê de Ética para o Uso de Animais (CEUA/UFPR), sob protocolo 593/2012. Fêmeas de Ratus norvegicus foram anestesiadas com uma solução de xilazina (20 mg/kg) e cetamina (100 mg/kg). Em seguida, a veia jugular esquerda e a artéria carótida direita foram isoladas e canuladas com cateteres de polietileno (P10 e P20) para administração de drogas e registro da pressão arterial média (PAM), respectivamente. Os registros foram obtidos por meio de transdutores de força acoplados ao software específico (MacLab). Para cada mecanismo testado a FAPG foi administrada na dose de 10 mg/kg, escolhida por apresentar a melhor ação hipotensora em experimentos anteriores. A FAPG promoveu redução dos níveis pressóricos em torno de 19,34 ± 1,60 mm Hg, que se repete após a administração de indometacina (5 mg/kg), droga inibidora da enzima ciclo-oxigenase e consequentemente da formação de endoperóxidos cíclicos vasodilatadores. A administração da FAPG não foi capaz de inibir os efeitos hipertensores induzidos pela angiotensina II (31,10 ± 1,40 mm Hg) na dose de 10 pmol/kg, ou pela fenilefrina (58,17 ± 9,50 mm Hg) na dose de 10 nmol/kg, sugerindo pouca ou nenhuma atividade em receptores AT1 e a-1 adrenérgicos. A FAPG, por outro lado, teve seus efeitos hipotensores completamente inibidos (0,67 ± 2,71 mm Hg) na presença de atropina (1 mg/kg), droga bloqueadora de receptores muscarínicos da acetilcolina. A ativação desses receptores tem como um dos mecanismos de transdução a produção de óxido nítrico pela ativação da enzima Óxido Nítrico Sintase (NOS). Os efeitos da FAPG, no entanto, não foram inibidos na presença de infusão contínua de um inibidor da NOS (L-NAME, 7 mg/kg/min). Esses resultados indicam que a FAPG pode ter seu efeito hipotensor induzido pela ativação direta dos receptores muscarínicos. Entretanto o envolvimento de outros mediadores ainda precisa ser investigado, além da identificação dos componentes bioativos presentes nas folhas desta espécie responsáveis pelos efeitos hipotensivos observados.