EFEITO ANTINOCICEPTIVO SINÉRGICO ENTRE O DIAZÓXIDO, UM ATIVADOR DE CANAIS DE K+ SENSÍVEIS AO ATP, E MORFINA EM MODELO DE DOR NEUROPÁTICA DIABÉTICA

Aluno de Iniciação Científica: Manuele Neufeld (PIBIC/UFPR-TN)
Curso: Farmácia
Orientador: Joice Maria da Cunha
Colaborador: Rosanne Bortolazzo Pinto, Anne Karoline Schreiber
Departamento: Farmacologia
Setor: Ciências Biológicas
Palavras-chave: dor , diabetes , morfina
Área de Conhecimento: 21001006 - FARMACOLOGIA GERAL

A dor neuropática é um dos sintomas mais debilitantes do diabetes e é particularmente refratária ao tratamento com analgésicos opióides, como a morfina (MPH). Em modelos de dor inflamatória, foi estabelecido que a MPH exerce seu efeito antinociceptivo por ativar uma cascata intracelular que culmina na abertura de canais de potássio (CK+), hiperpolarizando os neurônios nociceptivos. No entanto, o envolvimento dessa via na refratariedade da MPH em casos de dor neuropática diabética ainda não foi caracterizado, o que é o objetivo deste estudo. Para isso, foram utilizados ratos machos Wistar (180-220 g; n= 4-10), tratados com tampão citrato (TC; 10 mM e pH 4,5; grupo  normoglicêmico-NGL) ou estreptozotocina (STZ; 50 mg/kg, diluída em TC; grupo diabético-DBT). Quatro semanas após, animais NGL e DBT receberam formalina (FML; 0,5%, 50 µL) subcutaneamente na região dorsal da pata 20 min após a administração ipsilateral de salina (30 µL/pata); diazóxido (DZX; 30 ou 100 µg/pata); morfina (MPH; 10 µg/pata) ou associação de DZX mais MPH (nas doses indicadas). A hiperalgesia química foi avaliada pela quantificação do número de sacudidas (flinches) da pata ipsilateral à injeção de FML no período de 1 hora, dividido em três fases (primeira fase, IF, 0-10 min; fase quiescente, 10-15 min e segunda fase, IIF, 15-60 min). Observamos que os animais DBT exibem potenciação dos comportamentos nociceptivos em resposta à FML quando comparados aos animais NGL em ambas as fases (IF:71% e IIF:120%). Enquanto que o tratamento isolado com MPH reduz significativamente o número de flinches em ambas as fases do teste da FML nos animais NGL (IF: 49%; IIF: 88%), esse tratamento não alterou a resposta nos animais DBT. O tratamento isolado com DZX (ambas as doses) diminui significativamente o número de flinches na IIF tanto em animais NGL quanto DBT (dose de 30 µg: NGL: 76%, DBT: 55%, dose de 100 µg: NGL: 61%, DBT: 68%). Em animais DBT, o DZX (30 µg) foi capaz de reduzir número de flinches também na IF (43%). Em animais DBT, o tratamento local em associação DZX (somente na dose de 30 µg) mais MPH reduziu o número de flinches tanto na IF (59%) quanto na IIF (84%), sugerindo um efeito sinérgico desses fármacos uma vez que a redução máxima da resposta frente ao estímulo da FML, tanto em animais DBT quanto NGL, foi resultante da associação do DZX com a MPH. Estes resultados demonstram que o diabetes parece comprometer a abertura dos CK+ mediada pela MPH e que a administração de drogas capazes de abrir esses canais pode representar uma alternativa para o tratamento da dor neuropática diabética.

 

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