ALTERAÇÕES NAS RESPOSTAS NOCICEPTIVAS A ESTÍMULO MECÂNICO E A AGONISTAS TRPM8 E TRPA1 EM NEUROPATIA INDUZIDA POR CONSTRIÇÃO DO NERVO CIÁTICO EM RATOS
Aluno de Iniciação Científica: Franciele Franco Scarante (Pesquisa voluntária)
Curso: Biomedicina
Orientador: Joice Maria da Cunha
Colaborador: Carlos Henrique Alves Jesus, Hanna Camara da Justa
Departamento: Farmacologia
Setor: Ciências Biológicas
Palavras-chave: dor neuropática , alodinia mecânica , alodinia ao frio
Área de Conhecimento: 21001006 - FARMACOLOGIA GERAL
A dor de origem neuropática manifesta-se através de alodinia mecânica e térmica. Embora os mecanismos fisiopatológicos envolvidos no desenvolvimento das dores neuropáticas variem dependendo da etiologia, a abordagem terapêutica é a mesma e comumente ineficaz. Em estudo prévio, utilizando modelo de dor neuropática diabética, nosso grupo observou que as alterações na percepção a estímulo frio inócuo não precedem o desenvolvimento de alodinia mecânica. O objetivo desse estudo, portanto, foi avaliar o desenvolvimento e a relação de tais sinais em um tipo de dor neuropática etiologicamente diferente da diabética, induzida pela lesão crônica do nervo ciático. Para isso, foram utilizados ratos machos Wistar (180-220g; n=3-7) divididos em dois grupos experimentais: 1) grupo falso operado (sham, S) e 2) grupo com neuropatia induzida pela constrição crônica do nervo ciático esquerdo (constrito; C, conforme proposto por Bennett e Xie, 1988). Ambos os grupos foram avaliados semanalmente até 4 semanas após a cirurgia, quanto à sensibilidade ao frio através da contagem do número de flinches após instilação de acetona (agonista TRPM8; 100 µL) na pata ipsilateral à cirurgia e quanto a resposta a estímulo mecânico através do teste de Von Frey eletrônico. Para avaliação do envolvimento do receptor TRPA1, ambos os grupos S e C receberam injeção intraplantar de veículo (óleo de milho, 50 µL/pata) ou óleo de mostarda (MO; 0,1%, 50 µL/pata) na 5ª semana após a cirurgia. A resposta nociceptiva direta (flinches) foi avaliada durante 20 minutos a partir da injeção de veículo ou MO. Observou-se que a constrição do nervo ciático induziu uma diferença significativa nas respostas nociceptivas frente à acetona e ao estímulo mecânico já a partir da 2ª semana pós-cirurgia. O grupo C teve redução do limiar mecânico significativamente diferente quando comparado ao grupo S, na 2ª. e 3ª. semana (23% e 26%, respectivamente), sendo que a maior diferença foi na 4ª semana (29%). O aumento de flinches em resposta à instilação de acetona foi estatisticamente diferente entre os grupos C e S na 2ª (117%) e 4ª semana (130%), com pico na 3ª semana (288%). Além disso, o tratamento com MO induziu um aumento de 106% do número de flinches nos animais C, quando comparados ao grupo S. O quadro neuropático induzido pela constrição do nervo ciático parece induzir alterações concomitantes na percepção ao frio e a estímulos mecânicos e sensibilizar ambos os receptores TRPM8 e TRPA1, revelando a importância de considerar as dores neuropáticas de diferentes etiologias como condições patológicas distintas.