ALTERAÇÕES NA PERCEPÇÃO AO FRIO COMO PREDITOR DA DOR NEUROPÁTICA DIABÉTICA: ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES TRPM8 E TRPA1
Aluno de Iniciação Científica: Carlos Henrique Alves Jesus (Bolsista permanência)
Curso: Ciências Biológicas
Orientador: Joice Maria da Cunha
Colaborador: Carina Fernanda Mattedi Nones, Hanna Câmara da Justa
Departamento: Farmacologia
Setor: Ciências Biológicas
Palavras-chave: diabetes , dor neuropática , óleo de mostarda
Área de Conhecimento: 21001006 - FARMACOLOGIA GERAL
A dor neuropática é uma das principais complicações do diabetes, caracterizando-se por dor espontânea, hiperalgesia e/ou alodinia. Pouco tem sido explorado acerca dos mecanismos envolvidos no desenvolvimento da alodinia ao frio no diabetes, bem como o envolvimento dos receptores TRPM8 e TRPA1, o que é o objetivo deste estudo. Para isso, foram utilizados ratos machos Wistar (180-220 g; n= 8-10), tratados com tampão citrato (TC; 10 mM e pH 4,5; grupo normoglicêmico-NGL) ou estreptozotocina (STZ; 50mg/kg, diluída em TC; grupo diabético-DBT). Para avaliação da alodinia ao frio, animais NGL e DBT, foram submetidos à instilação de 100 µL de acetona em qualquer uma das patas traseiras previamente à administração de STZ (Basal 0; B0) e semanalmente até a 4ª semana (Basal 4, B4) após indução do diabetes. O número de lambidas e/ou sacudidas da pata (flinches) foi avaliado durante 2 minutos após a instilação. A alodinia mecânica, mensurada através de Von Frey eletrônico, foi avaliada previamente a injeção de STZ (B0) e semanalmente até a 4ª semana (B4). Para avaliação do envolvimento do receptor TRPA1, os animais NGL e DBT receberam injeção intraplantar de óleo de mostarda (MO; 0,5 ou 1%, em 50 µL/pata) na 4ª semana após STZ. A resposta nociceptiva direta (flinches) foi avaliada durante 20 minutos a partir da injeção de MO, e em seguida o limiar mecânico de retirada foi reavaliado. O número de flinches desencadeados pela instilação de acetona foram significativamente maiores (37%) em animais DBT somente na 4ª semana após a indução do diabetes, enquanto que o limiar mecânico de retirada foi já significativamente menor a partir da 2ª semana (37%), com pico na 4ª semana (57%). Animais DBT não mostram diferença significativa no número de flinches induzidos pela administração i.pl. de MO (ambas as doses utilizadas) quando comparados a animais NGL. No entanto, a administração de MO (1%) promoveu uma redução de 50% no limiar mecânico em relação a B0 tanto em animais DBT quanto em NGL, e uma redução de 32% em relação a B4 em animais DBT. A dose de 0,5% promoveu, em relação a B0, uma redução de 55% no limiar mecânico em animais NGL e 71% de redução em animais DBT. Embora clinicamente as alterações na percepção ao frio predizem o desenvolvimento da alodinia mecânica, esse mesmo padrão não foi observado em modelo experimental de diabetes. O quadro diabético parece sensibilizar os receptores TRPM8 (acetona) sem interferir na atividade mediada por agonistas dos receptores TRPA1. No entanto, o agonista TRPA1 parece sensibilizar diferentemente os animais diabéticos frente ao estímulo mecânico.