EXTRAÇÃO E CAPACIDADE DE LIGAÇÃO À BACTÉRIAS ENTEROPATOGÊNICAS DE POLISSACARÍDEOS QUIMIOTRANSFORMADOS DO FARELO DE SOJA

Aluno de Iniciação Científica: Ana Bárbara Bisinella de Faria (PIBIC/CNPq)
Curso: Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia
Orientador: Miguel Daniel Noseda
Co-Orientador: Maria Eugênia Duarte Noseda, Jenifer Mota Rodrigues
Colaborador: Priscilla Mendes Smaniotto
Departamento: Bioquímica
Setor: Ciências Biológicas
Palavras-chave: Polissacarídeos , Farelo de soja , Enterobactérias
Área de Conhecimento: 20801009 - QUÍMICA DE MACROMOLÉCULAS

O Brasil é mundialmente o segundo maior produtor de soja (Glycine max (L.) Merrill). Sua destinação comum é obtenção de óleo refinado, processo este gerador de grandes quantidades de farelo de soja. A composição nutricional deste subproduto inclui alto teor de proteínas e carboidratos. No entanto a composição química do farelo de soja pode apresentar variações devido a diferenças nas condições ambientais, variedades genéticas e condições de processamento (umidade, tempo e temperatura de secagem, tostagem, entre outros). Desta forma o presente trabalho teve como objetivo extrair, comparar e avaliar a capacidade de ligação in vitro à bactérias enteropatogênicas dos polissacarídeos quimiotransformados obtidos de diferentes farelos de soja. Para obtenção dos polissacarídeos quimiotransformados, uma solução de farelo de soja acidificada foi submetida a tratamento em autoclave. Após filtração, neutralização, centrifugação e concentração, o sobrenadante obtido foi então tratado com TCA, para precipitação de proteínas, e em seguida os polissacarídeos foram precipitados com etanol, sendo coletadas frações ao longo do processo. Os teores de proteínas e carboidratos encontrados nas diferentes frações variaram entre 5,1 – 77,5% e 4,8 – 83,5%, respectivamente. Análises químicas e espectroscópicas das frações permitiram concluir que elas são compostas principalmente por uma beta-galactana, formada de unidades beta-D-Galp-(1->4)-ligadas. Algumas frações apresentaram também teores significativos de arabinose, xilose, ramnose e ácido galacturônico, o que indica presença de pectinas. Os diversos extratos obtidos foram avaliados quanto a sua capacidade de ligação à bactérias enteropatogênicas (Salmonella sp.). Os resultados obtidos foram comparados aos do produto comercial hoje existente (BioMos®) encontrando-se, para algumas frações, resultados estatisticamente iguais ao mesmo. A capacidade de ligação evidenciada para soja é correlacionada por alguns autores com a presença de manose e sua respectiva ligação às lectinas encontradas nas fímbrias da parede celular bacteriana. No entanto os teores de manose determinados no presente trabalho são baixos (0 – 4,1%) o que pode indicar que, além dos carboidratos, as proteínas também possam estar envolvidas no processo de ligação à bactéria. Estes resultados demonstram o potencial uso biotecnológico dos extratos obtidos a partir do farelo de soja na prevenção de infecções causadas por bactérias enteropatogênicas diminuindo ou evitando o uso de antibióticos em animais de criação.

 

0355