PROSPECÇÃO DE INIBIDOR DE ATIVIDADE FOSFOLIPÁSICA EM HEMOLINFA DE ARANHA MARROM (LOXOSCELES INTERMEDIA)
Aluno de Iniciação Científica: Marta de Mauro Oliverio (PIBIC/CNPq)
Curso: Farmácia
Orientador: Olga Meiri Chaim
Co-Orientador: Andrea Senff Ribeiro
Colaborador: Aline Viana Bednaski
Departamento: Biologia Celular
Setor: Ciências Biológicas
Palavras-chave: aranha-marrom , hemolinfa , fosfolipase
Área de Conhecimento: 20601000 - CITOLOGIA E BIOLOGIA CELULAR
Em Curitiba e Região Metropolitana, a alta incidência de picadas com aranhas-marrons está relacionada principalmente à espécie Loxosceles intermedia, sendo então o loxoscelismo considerado um problema de saúde pública. Na mistura complexa do veneno das aranhas-marrons, destaca-se a presença de toxinas do tipo fosfolipases-D, as quais são capazes de reproduzir experimentalmente os principais efeitos tóxicos observados, tais como: resposta inflamatória, agregação plaquetária, hemólise, nefrotoxicidade, além da típica lesão dermonecrótica. Tendo em vista o potencial tóxico dessas enzimas, consideramos a hipótese de identificarmos um inibidor de fosfolipase na hemolinfa do animal, com a possível função autoprotetora. Primeiramente, o perfil proteico da hemolinfa de L. intermedia foi estudado por meio de eletroforese uni e bidimensional (pH 3 a 10), revelando proteínas de amplo espectro de massa molecular, a maioria delas entre 29 e 66 kDa e ponto isoelétrico entre 5,5 e 7,5. A fim de avaliar uma relação entre o conteúdo do veneno e da hemolinfa, um western blot da hemolinfa foi realizado com anticorpos policlonais que reconhecem o veneno total e isoformas de fosfolipases-D de L. Intermedia. O resultado mostrou que os anticorpos “anti-veneno” reconhecem proteínas da hemolinfa numa ampla faixa de massa molecular, enquanto o anticorpo anti-fosfolipase revelou apenas uma banda, possivelmente compatível com o perfil eletroforético das fosfolipases presentes no veneno de aranha-marrom. O blot bidimensional da hemolinfa com anticorpos ”anti-veneno” revelou a presença de 5 spots, de massa molecular de 37, 38, 60, 67 e 74 kDa e respectivos pontos isoelétricos: 7,4, 7,54, 4,39, 4,09 e 4,16. O reconhecimento de epítopos na hemolinfa semelhantes aos do veneno em torno de 30 kDa sugere a presença de fosfolipases-D na hemolinfa do animal. A atividade fosfolipásica da hemolinfa foi avaliada utilizando esfingomielina como substrato, através da detecção indireta da liberação de colina. Neste ensaio, não somente não foi detectada atividade esfingomielinásica na hemolinfa, como também esta foi capaz de inibir a atividade de uma isoforma de fosfolipase-D recombinante de L. intermedia, indicando a possível presença de um inibidor de fosfolipase na hemolinfa. Os mecanismos de inibição estão atualmente sob investigação e o estudo aprofundado do perfil proteico e lipídico da hemolinfa poderão elucidar a natureza deste inibidor, principalmente para prospecção de sua aplicação biotecnológica.