CARACTERIZAÇÃO DO TRANSPORTE SEDIMENTAR POR ARRASTO NA DESEMBOCADURA SUL DO COMPLEXO ESTUARINO DE PARANAGUÁ

Aluno de Iniciação Científica: Mihael Machado de Souza (PIBIC/Fundação Araucária)
Curso: Oceanografia - Pontal do Paraná
Orientador: Marcelo Renato Lamour
Departamento: Centro de Estudos do Mar
Setor: Ciências da Terra
Palavras-chave: Correntes de Maré , Carga de Fundo , Sedimentos
Área de Conhecimento: 10804005 - OCEANOGRAFIA GEOLÓGICA

O atrito entre a massa de água e o fundo dos corpos aquosos produz a movimentação de grãos de sedimentos, que são transportados e depositados em regiões diferentes à sua fonte. O objetivo deste trabalho foi estimar a capacidade de transporte de sedimentos a partir das correntes de maré, ao longo de uma seção transversal na desembocadura sul do Complexo Estuarino de Paranaguá (CEP), durante um ciclo de maré de sizígia. Os dados relativos às correntes de maré (velocidades e direções) foram obtidos a partir de um banco de dados pré-existente, e posteriormente decompostos matematicamente para a obtenção da componente longitudinal da velocidade. Foram realizados dois levantamentos de campo ao longo do ciclo de maré, distribuídos em três pontos ao longo de uma seção transversal, com a coleta de sedimentos transportados por arraste com o uso de uma armadilha física do tipo Helley-Smith. Os parâmetros críticos de transporte e as taxas teóricas de transporte foram calculados a partir de metodologia descrita na literatura. Foram testadas nove equações em relação aos dados de campo, a partir de uma regressão linear tipo II no software R 2.15, para a definição da formulação teórica mais adequada para a região. Dentre as equações testadas, van Rijn (VR) foi a que apresentou o melhor índice de determinação (R² = 0,34) e o Pvalor mais significativo. Por outro lado, a equação de Meyer-Peter & Müller (MPM) apresentou os parâmetros estatísticos básicos (média, desvio-padrão, máximo e mínimo) mais próximo dos obtidos em campo, com um valor de R² (0,29) razoável em comparação a VR. A partir destas duas equações, foi calculado o volume transportado estimado (m³/ano), para a seção transversal em períodos de sizígia (aproximadamente 180 dias). Ambas as equações caracterizaram a desembocadura como uma exportadora de sedimentos, com VR estimando o volume exportado em 616.000 m³/ano e MPM em 94.000 m³/ano. A grande diferença entre os volumes das duas equações remetem as considerações físicas de cada formulação. MPM apresenta uma abordagem simplificada do transporte, considerando apenas o estresse superficial no seu cálculo. Já VR utiliza uma abordagem robusta, considerando o estresse total, sendo dessa forma a mais indicada para utilização na região proposta, principalmente quando ocorrem feições de fundo, que aumentam significativamente o estresse.

 

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