HÁBITO ALIMENTAR EM DIFERENTES FASES ONTOGENÉTICAS DE MYCTEROPERCA ACUTIROSTRIS (TELEOSTEI: SERRANIDAE) NOS LITORAIS DO PARANÁ E DE SANTA CATARINA
Aluno de Iniciação Científica: Bianca Possamai (IC-Voluntária)
Curso: Oceanografia - Pontal do Paraná
Orientador: Marco Fábio Maia Corrêa
Co-Orientador: Pedro Carlos Pinheiro
Departamento: Centro de Estudos do Mar
Setor: Ciências da Terra
Palavras-chave: alimentação , badejo-mira , dieta
Área de Conhecimento: 10801006 - OCEANOGRAFIA BIOLÓGICA
Processos como crescimento, desenvolvimento e reprodução necessitam de muita energia, e como esta é adquirida na forma de alimento, o conhecimento do hábito alimentar de uma espécie é de extrema importância, principalmente quando a espécie em questão tem importância comercial, como o badejo-mira (M. acutirostris). A espécie, pertencente à família Serranidae, habita águas tropicais e sub-tropicais em fundos rochosos e/ou coralíneos. É pouco conhecida, sendo seu hábito alimentar praticamente desconhecido, com apenas um trabalho no Brasil sobre sua alimentação, realizado por censo visual. Desta forma analisamos, pela primeira vez, o conteúdo estomacal de M. acutirostris, a fim de contribuir com o conhecimento básico para fundamentar ações de gerenciamento da espécie e das áreas onde está presente. As amostras foram obtidas através da pesca provenientes de campeonatos das Associações Catarinense (ACPS) e Paranaense (APPS) de Pesca Subaquática, além de pescarias esportivas com linha e anzol e amostragens intencionais subaquáticas (Aut.IBAMA nº 28842-1). No total foram coletados 70 indivíduos divididos em 6 classes de tamanho, sendo elas: A de 20-26,9 cm; B de 27-31,9 cm; C com 32-37,9 cm; D de 38-43,9cm; E com 44-49,9 cm e F de 50-54,9cm. Dos 70 exemplares capturados, 28 (40%) estavam com os estômagos vazios. Um exemplar foi capturado da classe A com o estômago contendo restos não identificáveis; em B foram capturados 10 exemplares, do quais 6 continham: poliquetas (16,6%), nematodas (16,6%), crustáceos (33,3%) e peixes (50%). Dos 42 indivíduos da classe C, em apenas 24 havia conteúdo estomacal constituído por briozoários (4,16%), moluscos (8,3%), restos semi-digeridos não identificáveis (16,6%), crustáceos (20,83%), peixes (62,5%) e outros (8,3%). Em D obtivemos um total de 14 badejos, mas 28,57% não possuíam conteúdo estomacal, 60% consumiram peixes, 40% restos semi-digeridos não identificáveis, 20% crustáceos e 10% outros. Dois indivíduos correspodiam à classe E, 1 de estômago vazio e 1 contendo peixes, crustáceos, briozoários e restos inidentificáveis e na última classe (F) foi amostrado um individuo de estômago vazio. Das presas teleostei identificadas a maioria foi Clupeidae. Nas classes B, C e D o IIR - Índice de Importância Relativa indicou que o item mais importante na dieta de M. acutirostris é peixe com IIR de 5429; 6682,3 e 5066,6 respectivamente, seguido por crustáceos, com IIR igual a 2145 para B; 1305,8 para C e 1565,1 para D. A espécie mostrou-se carnívora em todas as fases ontogenéticas analisadas, com preferência por peixes e crustáceos.