INTERAÇÃO ENTRE CONTAMINANTES EMERGENTES E SUBSTÂNCIAS HÚMICAS EMPREGANDO FLUORESCÊNCIA MOLECULAR
Aluno de Iniciação Científica: Adolfo Guilherme Kruger (INCT)
Curso: Química
Orientador: Marco Tadeu Grassi
Colaborador: Genikelly Cavalcanti Machado
Departamento: Química
Setor: Ciências Exatas
Palavras-chave: Interferentes Endócrinos , Matéria Orgânica , Águas Naturais
Área de Conhecimento: 10604073 - ANÁLISE DE TRAÇOS E QUÍMICA AMBIENTAL
No ambiente, especialmente em águas naturais, a matéria orgânica desempenha papeis relevantes, incluindo a interação com inúmeros contaminantes. Estas interações podem resultar, p. ex., em uma diminuição da biodisponibilidade dos contaminantes, pela formação de complexos muito estáveis. Nos dias atuais, atenção especial tem sido dada à compreensão do comportamento e destino de contaminantes emergentes (CE), i.e., compostos orgânicos produzidos deliberadamente, com utilização crescente em países desenvolvidos e em desenvolvimento, porém com dinâmica e efeitos ambientais pouco conhecidos. Nesse contexto, o Grupo de Química Ambiental (GQA/UFPR) desenvolveu recentemente um protocolo analítico para o estudo da interação e certos contaminantes com substâncias húmicas aquáticas (SHA), baseado no emprego da fluorescência molecular. Contudo, os estudos conduzidos pelo GQA não permitiram uma diferenciação clara das interações entre as SHA e alguns contaminantes, dadas as características muito semelhantes das amostras de substâncias húmicas. Neste trabalho, amostras de substâncias húmicas de diferentes procedências têm sido estudadas visando uma maior compreensão da interação entre a matéria orgânica e contaminantes tais como o bisfenol-A e os hormônios estrona, 17β-estradiol e 17α-etinilestradiol, todos considerados interferentes endócrinos para organismos intactos. As substâncias húmicas estudadas (4) têm porcentagem de carbono variando de 44,5% a 53,1%, de hidrogênio entre 4,54% e 6,08% e de oxigênio entre 36,2% e 47,2%, indicando um material com baixo grau de oxidação e, ao contrário, elevado grau de humificação. Os experimentos consistem de titulações em batelada entre os CE e as SH, a partir do monitoramento da supressão do sinal de fluorescência. Para a análise dos dados, faz-se o uso dos modelos de Ryan-Weber e Stern-Volmer, obtendo assim o coeficiente de partição carbono orgânico-água (Koc), entre outros. Tem sido possível observar que as substâncias húmicas com menor grau de condensação apresentam uma menor interação com os contaminantes emergentes. Isto está coerente com as menores emissões normalizadas na região F do espectro de fluorescência, característica de um menor grau de humificação. Desta forma, os experimentos realizados até o momento têm permitido concluir que as características estruturais diferenciadas das SH influenciam na interação com os contaminantes emergentes, uma vez que as substâncias mais humificadas apresentaram maior afinidade e capacidade de complexação com os compostos avaliados.