CARACTERIZAÇÃO DO POTENCIAL DE CRESCIMENTO E TOXICIDADE DE MICROALGAS ISOLADAS DA BAÍA DE GUARATUBA (PR) E ADJACÊNCIAS

Aluno de Iniciação Científica: Camila Prestes dos Santos Tavares (PIBIC/CNPq)
Curso: Tecnologia em Aqüicultura - Pontal do Paraná
Orientador: Luiz Laureno Mafra Junior
Departamento: Centro de Estudos do Mar
Setor: Ciências da Terra
Palavras-chave: Cultivo , Algas nocivas , HPLC
Área de Conhecimento: 10000003 - CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

As microalgas apresentam extraordinária importância ecológica no ambiente marinho, mas podem causar efeitos deletérios ao ambiente ou ao homem, associados principalmente à produção de ficotoxinas. As microalgas que têm causado os maiores problemas no Sul do Brasil são a diatomácea Pseudo-nitzschia spp. e o dinoflagelado Dinophysis spp., produtores de ácido ocadáico (AO) e ácido domóico (AD), respectivamente. Para elucidar as dúvidas sobre a variação na produção de toxinas por tais microalgas, este estudo buscou estabelecer seus cultivos em laboratório, bem como caracterizar suas taxas de crescimento e produção de toxinas. Diversas cepas de Pseudo-nitzschia spp. e Dinophysis spp. foram isoladas de amostras do litoral paranaense e mantidas em laboratório, em água do mar enriquecida com meio de cultivo f/2 ou f/4, sob temperatura de 22 ±1 °C, salinidade 30 psu, irradiância de 122 ±1 µE.m-2.s-1 e fotoperíodo de 12:12 h (claro:escuro). A manutenção de cepas mixotróficas de Dinophysis spp. em laboratório dependeu do cultivo prévio da criptofícea Teleaulax amphioxeia e do ciliado Myrionecta rubra, isolados, respectivamente, da Baía de Inokushi/Japão e Baía de Guaratuba/PR. Para investigação da produção de AO e AD ao longo do ciclo de crescimento, quatro cepas do grupo Pseudo-nitzschia calliantha e uma de Dinophysis acuminata foram selecionadas e mantidas em laboratório. Alíquotas foram retiradas em intervalos regulares para estimativa da densidade celular por microscopia em câmaras do tipo Sedgewick-Rafter e retenção das células em filtro GF/C. A concentração de AD nas células e no meio de cultivo foram medidas por cromatografia líquida com detecção UV; as análises de AO estão em andamento. Das quatro cepas de P. calliantha, três apresentaram crescimento satisfatório em cultivo (µ= 0,16-0,39 d-1; máx. 374-740 x 103 cels.ml-1), mas somente uma produziu AD em concentrações detectáveis, com picos de 0,054 fg.cel-1. O crescimento pioneiro de uma cepa brasileira de Dinophysis em cultivo somente foi alcançado após o teste de diferentes regimes alimentares. D. acuminata cresceu mais rapidamente (µ= 0,19 d-1; máx. 357 ± 27 cels.ml-1) quando ofertadas, a cada dois dias, 100-300 cels.ml-1 de uma cepa local do ciliado M. rubra, que por sua vez cresceu melhor (µ= 0,49 d-1; máx. 7460 ± 1420 cels.ml-1) com a adição periódica de 3000 cels.ml-1 da criptofícea T. amphioxeia. Este estudo confirma o potencial para o crescimento de algas nocivas e produção de toxinas na costa paranaense, mostrando a necessidade de um programa de monitoramento nesta região.

 

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