1295
|
CURIOSO OBSCURO E SUAS TRADUÇÕES DE TIBULO, CATULO E PROPÉRCIO
Aluno de Iniciação Científica: Luiza dos Santos Souza
(UFPR – TN)
Nº de Registro do Projeto de Pesquisa no BANPESQ/THALES: 2010024301
Orientador: Guilherme Gontijo Flores
Departamento: Linguística, Letras Clássicas e Vernáculas
Setor: Ciências Humanas, Letras e Artes
Palavras-chave: Curioso Obscuro, tradução poética, Tibulo
Área de Conhecimento: 8.02.09.00-9
|
Nesse trabalho, analisam-se aspectos da empresa tradutória de “Um Curioso Obscuro”, pseudônimo de Aires de Gouveia (1828-1916),
professor da Universidade de Coimbra, em sua obra As elegias e os carmes de Tibullo e algumas elegias de Propercio e carmes fugitivos
de Catullo traduzidos em portuguez por Um Curioso Obscuro [1912]. Para a referida análise, toma-se por base o prefácio à segunda
edição da obra, datado de 1912, em que o tradutor expõe suas convicções sobre o fazer tradutório, configurando um projeto de tradução.
Confrontando o texto com a edição latina utilizada pelo tradutor, estabelecida por Gottlob Heyne em 1821, procede-se a análise de poemas
de Tibulo, Catulo e Propércio, a fim de verificar se “Curioso Obscuro” efetivamente segue as convicções expostas em seu prefácio e se ele
se afasta dos problemas que tão duramente criticou em contemporâneos seus, além de identificar e analisar as soluções encontradas para os
variados problemas que poderiam impedi-lo de manter uma coerência com o seu projeto de tradução. Esse procedimento é semelhante ao
defendido por Antoine Berman em Pour une critique des traductions: John Donne (1995): uma crítica que considere o original, a tradução,
a relação entre os dois e a postura do tradutor, considerando nesse aspecto o seu projeto de tradução. Além disso, será explorado o contexto
de produção de sua obra tradutória, uma vez que a poética dominante na literatura recebedora é um fator importante na análise da imagem
de uma obra literária projetada por sua tradução, como aponta André Lefevere em Tradução, reescrita e manipulação da forma literária
(2007). Faz parte também desse trabalho a comparação da tradução dos autores entre si dentro da obra de Gouveia e com traduções
de autores mais próximos de nosso tempo, considerando neste tópico especialmente o poeta Tibulo. A partir dos aspectos levantados,
percebe-se que o Curioso Obscuro procura manter-se, na medida do que o metro escolhido e sintaxe da língua portuguesa permitem, fiel
a seus princípios tradutórios, nos quesitos aumento mínimo da quantidade de versos em relação ao texto de partida e manutenção das
características do original tanto quanto possível, organizando em certos casos alguma forma de compensação para solucionar problemas,
sem para isso recorrer à paráfrase, método criticado pelo tradutor em trabalhos de contemporâneos seus. Constata-se, então, a coerência
entre a prática tradutória do misterioso portuense e o seu projeto de tradução exposto no prefácio à obra.
|