O CURSO DE ENFERMAGEM OBSTÉTRICA DA FACULDADE DE MEDICINA DO PARANÁ/MATERNIDADE VICTOR DO AMARAL: A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO PARTO E DO ENSINO DE PARTEIRAS (1931-1951)

Orientadora: Dra. Vera Regina Beltrão Marques
Unidade de lotação: Setor de Educação/PPGE
E-mail: verarbm@terra.com.br

Autora: Ma. Fabiana Costa de Senna Ávila Farias
Unidade de lotação: HC/DAS/HHO/ETM- SC ENF ATEND EXTERNO TMO
E-mail: fabianasennafarias@uol.com.br

A institucionalização do ensino de parteiras em Curitiba com a criação do Curso de Enfermagem Obstétrica no período compreendido entre 1931 e 1951, objeto de estudo deste trabalho, apresenta-se sob os discursos médicos da modernidade que afloraram com a urbanização da cidade e envolve relações de gênero. O parto tinha no domicílio o seu local historicamente construído e as curitibanas confiavam principalmente às “curiosas” e parteiras práticas licenciadas a administração desse evento. Acreditando ter na higiene, educação e eugenia, os instrumentos que permitiriam ocupar o território paranaense com uma prole “melhorada na raça, robustez e saúde”, os médicos apregoavam o deslocamento da tríade parteira-parto-parturiente a um ambiente passível de supervisão médica: a maternidade. Isto significa que não se tratou de excluir as parteiras, mas fazê-las auxiliares, num processo de perda de autonomia que, por sua vez, transferia a legitimidade do partejar aos médicos-parteiros. O ano de 1914 foi marcado pela inauguração da primeira maternidade do Paraná, mantida pela Faculdade de Medicina e batizada em 1930 de Maternidade Victor do Amaral, local privilegiado para as aulas teóricas e práticas do Curso de Enfermagem Obstétrica (1931-1951). A fim de averiguarmos o perfil das formadas pelo curso localizamos nos livros de títulos profissionais o registro de seus certificados nos órgãos de saúde. Outra fonte importante foi a entrevista obtida com um dos professores do Curso de Enfermagem Obstétrica, atuante na década de 1940. A fim de adentrarmos os discursos médicos nossa fonte privilegiada foi a Revista Médica do Paraná e para dar embasamento teórico à questão da legitimação desses discursos nos reportamos aos conceitos de “fichas simbólicas” e “sistema de peritos” do sociólogo Anthony Guiddens. As questões de gênero são analisadas à luz dos escritos da historiadora María Soledad Zárate. Verificamos neste estudo que o termo “enfermeira”, ao invés de “parteira”, é incorporado tanto ao nome do curso quanto à titulação. Analisamos que esse distanciamento do “médico-parteiro” para uma aproximação com a “enfermeira”, detentora de menor autonomia do que a parteira e compreendida como auxiliar do serviço realizado pelo médico dentro do hospital produziu uma categoria mista, a que denominamos de enfermeira-parteira.

Palavras-chave: Ensino de Parteiras. Discursos Médicos. Eugenia.